Te mostrei um poema esses dias, que disse que queria ter escrito, sobre os beijos que te dei e ninguém viu.

De fato,  um belo poema, mas, será que ele se compara ao que minha retina e a de mais ninguém viu?

Ao que minha boca sentiu encontrando a tua?

Será que alguma boca já salivou assim só de pensar em te beijar? 

Ou algum corpo já foi capaz de experimentar tantas sensações com um simples toque?

Não sei! Mas, sei que o universo INTEIRINHO se expande quando meu corpo encontra o teu e eu tenho a certeza que a vida é bonita quando minha alma encontra a tua.

Te mostrei aquele poema, né? Lindo! Mas, não é nada perto da poesia que é viver, compartilhar uma vida com você, meu amor.

Coríntios 13:1-7

É que eu não vim ao mundo a passeio, eu sei lá quanto tempo tenho nesse mundo amor, mas o tempo que eu tiver eu quero viver todas as coisas mais bonitas e loucas e intensas, mas também as mais ternas, bonitas, sublimes... quero até me chocar e me revoltar de vez em quando (mas só de vez em quando mesmo), porque eu tô viva e só tenho essa vidinha, e eu quero as coisas que ela pode me dar, ate porque, estamos aqui pra isso ne?

Então vamos viver, e com amor, de que outra forma mais pode ser?

 O amor, antes de qualquer coisa, é uma escolha!

Inicialmente inconsciente, de fato, isso é inegável, mas, a partir do momento que você o aceita,

Você escolhe o prazo de validade que quer que ele tenha: renova os votos do seu coração,

Rega a flor bonita que só existe no seu jardim, isto é ou não é uma escolha?

Não acho que deva ser fácil não, mas acho que se você se propõe a estar tá ali, disposto aos ônus e ao  bônus.

Você pode viver algo fantástico que só o tempo vai te mostrar, mas muita gente prefere dar a volta no meio do caminho, 

Com os olhos baixos, pois, não é necessário olhar para frente quando se trilha um caminho que já se conhece.  Que se trilha só por supérflua escolha. 

Mas, o caminho incrível prometido que se deixou pra trás? Nesse jardim só se entra de mãos dadas. Basta querer ali estar. Basta querer de verdade regar tua flor.

Hoje divaguei em absoluta solidão.

Há dias em que nenhuma palavra basta, pouca coisa passa a margem,

mas, nos transborda.

Dias estes, que qualquer silêncio em completa gritaria clama por respostas.

Há pouco para se responder em solidão, na companhia sincera de fantasmas

- que não se veem, mas, se sentem - 

Alguns espirituais, é claro, mas também, alguns os morais,

- os mais letais.

Tenho alvos apontados para minha cabeça, os quais, eu mesma coloquei:

O carrasco, ele tem mira certeira, arma em punho, mas, gatilho absorto,

Esperando um comando.

Grito meu próprio nome...

... Será este meu fim?

 Você não precisa esbravejar nosso amor aos ventos,

Eu fico feliz que você baixinho, desde que fale de coração, 

Ou que nem se quer fale, mas, que me olhe com os teus olhos grandes e escuros com gosto e zelo de lar

E que para mim não é o suficiente, mas que é tudo que eu posso querer.

Para um amigo que se foi cedo demais

 Meu Romeu nunca foi meu amor, mas, era um bom amigo, que foi muito, muito antes de mim.

A gente tinha muito mais em comum do que na época sabíamos, eu queria ter me entendido antes para poder te ajudar, porque você tinha um coração doce que os outros meninos não compreendiam, mas tava tudo ali:

Você ficava envergonhado com frequência e ficava vermelho, contrastava com seus olhos verdes e cabelo tão amarelo que era quase branco, você gaguejava quando ficava nervoso e tinha a risada engraçada. Eu gostava dela. 

Eu espero que você esteja bem onde estiver, mas, o que eu queria mesmo, era que você tivesse vivido o bastante para ver o mundo mudar... Ele não está perfeito, mas melhorou, cabia você nele, mas, espero que onde você estiver, você caiba nele também.

Queria dizer que as vezes lembro do meu Romeu que se foi antes de mim  e que tinha uma vida inteira pela frente, mas não viu saída que não fosse o algoz beijo da morte. Espero que você esteja bem, que já possa ter voltado, que seja uma flor com outro nome, mas, com o mesmo perfume bonito de vida.

Eu sinto falta dos que foram cedo demais as vezes, e dentre eles, meu Romeu que nunca foi meu.

 Nada mais valioso que gastar o tempo vendo você de pertinho, nem precisa ser muita coisa, basta que você esteja aqui, eu me sinto imensa e em profundo contentamento, não há tempo perdido quando estou ao seu lado e desconfio fortemente que exala poesia de mim quando estou com você.

 Eu deveria estar fazendo outra coisa agora, mas me deu uma vontade absurda de falar de minha avó,

Vó, apesar de ter passado parte da minha infância do teu lado, eu nunca conheci bem você,

Não me entenda mal, não foi por falta de querer, mas meus primeiros anos ao seu lado são um vulto em minha memória.

Sei o que falam de ti: da sua bondade genuína no coração, do feijão mais gostoso do mundo, da generosidade exacerbada.

Sei também de suas dores, sua infância foi difícil não só pela pobreza, mas também pelo abandono:

Não deve ter sido fácil crescer sem os pais, com o único irmão indo embora sem nunca se quer ter dado notícia,

Da dificuldade que foi crescer nas 'cozinhas das casas de estranhos', sua força começou bem antes do que qualquer uma deveria,

Mas já estava ali.

A senhora nunca quis muito, sempre foi feliz com o que tinha e buscava mais para os que amava, 

Talvez por ter crescido sem uma, buscou na família sua fortaleza, 

Mas era boa demais pra entender que não se pode firmar fortalezas feitas de carne, elas são frágeis de mais e tendem a ruir,

Não digo que a senhora não foi feliz em sua família, foi de fato o mais bonito que construiu, e sem dúvidas, a senhora foi muito amada

E colocou no mundo as três mulheres mais complexas e absurdamente presentes e boas que eu já conheci na vida, e sou grata demais por isso.

mas, meu avô não era o príncipe que esperava, por mais que para mim, ele seja o melhor avô do mundo, passou longe de ser o melhor marido

E mais uma vez, o sofrimento tomou conta da senhora, que tinha sempre suas portas abertas para todos, começou a fechar os portões,

Se isolou no refúgio chamado lar, como uma mulher de sua época, aceitou as traições e se resignou no seu mundinho,

Pequeno demais para tudo que a senhora era, e a senhora era muita, muita coisa!

Eu juro que queria saber mais, mas só sei que era Filha de Maria, e certamente, vem de ti todo o amor que tenho por Ela, 

Mesmo não sendo eu a pessoa mais cristã do mundo, mas consigo entender facilmente o amor e a devoção que só uma mãe pode dar.

A depressão sugou de ti mais do que deveria e era difícil pra mim ser uma criança e compreender tudo aquilo, mas o pior ainda estava por vir

Quando o Alzheimer chega, ele chega pra ficar, te sequestrou em uma cela de frases repetidas 'Maria, maria, maria!'

O não reconhecimento da sua gente amada, de 'Izzie' passei a ser, para você, mais uma 'Maria'.

Mas meu avô sempre teve nome, a senhora sempre perguntava pelo seu café, se já tinha chegado, se tinha comido, para sempre o seu 'Lizeu',

Eu era criança, mas eu já achava irônico como alguém pode guardar tão fortemente a lembrança de quem ajudou a te ruir,

Acho que também  por isso, eu por muito tempo tive medo de dar tanta importância para outras pessoas, 'fortalezas de carne são frágeis demais'.

Então, em certo ponto, mais rápido do que eu posso me dar conta, você estava ali, mas pouco havia de você, e era sofrimento pra quem te amava

E estava a teu lado, tento me consolar de que para você, no seu mundinho, as coisas iam bem, depois de uma vida de provações, espero que tenha tido esse 'alento'.

Eu queria ter coisas mais bonitas pra falar de você como minhas irmãs tem, mas, me sobra pouco além de vontade

E a lembrança de algumas conversas nos momentos de consciência que felizmente ainda vinham, como quando você me disse pra não casar antes dos 36, que deveria estudar, que deveria ser alguém.

A senhora não teve estudo, mas sempre o valorizou muito, e se minha mãe, minhas tias, eu e meus irmãos o temos, foi porque a senhora sempre soube que era a melhor herança que poderia deixar.

A senhora que ia levar um pouco de tudo que tinha pras freiras do colégio de minha mãe, para que ela fosse bem tratada, sua postura tão elegante ao sentar.

Eu odeio caixas de fósforo, a senhora sempre tinha uma no bolso, andava inquieta pela casa, dormia pelas tardes, gostava de ir à missa, quando podia ir à missa.

A senhora não teve, nem de longe, uma vida perfeita, mas sempre fez o melhor que pôde e deu seu melhor pra todos, eu queria ter tido um pouco mais disso,

Mas carrego em mim um pouco do que você deu. Hoje eu tô com saudade de você, e espero, do fundo do coração, que você tenha orgulho de mim aí do céu.

 Quantos morreram por ti, oh, Liberdade?

Me diz, quantos te alcançaram?

Quantos ainda hão de morrer para te alcançar?

Alguém, realmente te alcança?

 A me procurar