Há em mim, e provavelmente sempre haverá em mim quatro garotas,
Tão distintas, tão iguais, tão ávidas, tão vorazes, tão serenas, tão fugazes.
Quatro atrizes do palco da vida, quatro almas presas em uma única,
Há em mim quatro existências que lutam para se sobrepor,
Mas que se ajudam, que se amam, não se julgam, mas, tentam vencer;
Há em mim, sempre haverá em mim uma tal que gosta de ser ruim,
Que beija prevendo como ira apunhalar,
Outra que brinca com corações como meros jogos de montam,
Buscando o melhor encaixar,
Mas, sabe em verdade: nenhum basta;
Há uma donzela de coração puro lutando arduamente contra suas lágrimas,
Querendo sempre crescer, ser destemina, mal enxerga o quanto que é,
Essa sim vale a pena conhecer, mas não se mostra a muito, e para poucos se guarda,
Sabe que é rara;
A outra é a instável que necessita das três,
Que finge que acredita no que inventa,
E que sorri com a alma de quem é quatro,
Atriz que nunca soube atuar,
Que se inventa e reinventa,
Se reorganiza e se reagrupa.
Para não cair na monotonia,
Para nunca deixar de ser criança,
Para ser a mulher que ela quer ser,
Que escreve com a pureza de quem nunca caneta teve nas mãos,
Mas sabe sonhar.
Ela há de sonhar,
Escrever,
Se inventar,
E amar, e amar, e amar!