Um novo ano, um novo país, uma ótima maneira de começar.
Eu fecho os olhos e consigo sentir o vento balançando meu cabelo,
Você consegue sentir? É o vento da mudança!
Aquele calafrio que corta a alma, é o medo do desconhecido,
Mas, maior que tudo, é o que sempre foi e tem sido: vontade!
Vontade de conhecer descobrir e me descobrir, me provar, e no fundo
Como por capricho toca Nara Leão
" Vou voltar sei que ainda, vou voltar para o meu lugar"
Então, é com vontade e boas energias que sei que vou entrar num avião,
Vou desbravar meu bravo novo mundo e ter a certeza que vou uma,
Mas, volto outra, e esta outra será bem melhor do que a que vai,
Eu sou a mudança, então, eu também sou o vento que balança meu cabelo,
Sou o calafrio do medo, eu sou o desconhecido.
Sou maior que tudo, porque eu também sou a vontade.
E eu vou voltar pro meu lugar, que ainda nem fui, mas já sei que é meu.
domingo, 29 de dezembro de 2013
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Uma flor de um planeta distante
Pouca gente sabe, mas, eu sou uma flor,
A flor de um pequeno planeta não tão distante daqui,
Acaso um dia os pássaros te levem, você pode chegar lá,
De certo, é bem pequeno de onde eu venho, mas cabe o amor,
Cabe um príncipe, cabe uma flor,
Eu irradio aromas que colorem meu planeta e meu amor,
Eu sou única no mundo, e mal sei de onde que vim,
De onde que era a sementinha que me brotou?
Pouco sei das coisas, mas o que sei tenho certeza,
Tenho medo do frio e da solidão,
Sou exibida e orgulhosa, bonita e gosto de atenção,
Sou destemida, não receio nem mesmo os tigres,
Mas, confesso ter horror de correntes de ar,
Sei me defender com meus espinhos, minhas garras,
Mexa comigo que viro logo um leão,
Vejo tudo do meu canto, não tenho pressa, só encanto,
Ao anoitecer me põe uma redoma, me dá boa noite,
Vela meu sono, que te guardo comigo, te guardo em segredo,
Eu que de tudo faço para te ter perto, eu que me gabo de tudo,
Para que não percas o interesse, para que queiras sempre comigo estar,
Eu que faço tudo para te ter perto, tanto fiz que me deixaste,
E agora que te vás, oh, principezinho, te peço que vá de uma vez,
Não olhe pra trás, bem sabes que sei me cuidar,
Não te preocupes com o vento, não te preocupes com a redoma,
Se tiver de ir, te rogo uma vez mais: me deixa só!
Tu dissestes que ia partir, então, vá!
E quando você partir, finalmente poderei desabar,
Sou orgulhosa demais para que me vejas chorar,
Mas te amei, mas te amo, e te amarei
Como nenhuma outra flor há de amar.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
domingo, 8 de dezembro de 2013
Tell 'em that is my birthday
E aqui estou em mais um nove de Dezembro, ficando mais velha, mais madura, mais serena, dando graças a tudo que estou conquistando, os amigos que venho fazendo no meio do caminho, agradecendo pelo que sou, pelo que fui e pelo que vou ser. É realmente muito bom dormir e acordar com a certeza de que estou cada dia mais forte e mais feliz, e por saber que na minha essência, eu nunca vou crescer, quero manter essa alma de menina que está sempre a um passo de conseguir e de descobrir. Não quero perder essa curiosidade que me move, os desafios que me fazem ser quem sou. Tenho que agradecer por ser exatamente desse jeito, por orgulhar a menina que eu fui e sempre estava preocupada com quem eu seria, e todo ano com um sorriso eu saber que sou bem melhor que imaginei que eu seria.
Eu me aceitei exatamente do jeito que sou, me vesti em meu corpo, e me senti totalmente confortável, e a alma que coube aqui também se mostrou satisfeita, e o coração que bate feliz, por tantos momentos, e essa memória de elefante que não me deixa esquecer nada. Eu realmente não sei escrever sobre esses momentos, mas todo ano tento, um dia eu consigo deixar sair o quão bonito é o que eu sinto. Eu sinto! E isso é a coisa mais bonita, o maior presente que eu posso me dar e me dou todos os dias.
Esses vinte e cinco anos não vieram pesados, eu os aceito assim como eu sou, e eu estou aqui para agradecer a quem fez e faz parte deles, quem chegou agora e já quer ficar, quem foi embora mas, graças a Deus voltou, quem sempre esteve aqui e pela coisa mais sagrada do mundo, queira sempre ficar! Aos que tiveram que ficar por pouco tempo, agradeço até aos que eu expulsei, aos que não conheço tão bem mais estão aqui me lendo, obrigada também, espero não ter te feito perder muito tempo, mas eu só queria dizer que sou muito grata e estou muito feliz com quem eu sou, me tornei quem sou e sei que a presença de muitos de vocês me fizeram ser quem eu sou hoje. Sou feita de amor. Amo cada um de vocês, e muito obrigada por me permitir ser assim também.
Feliz aniversário para mim, e muito obrigada por serem parte de minha vida, a meus amigos, a minha família, a minhas gatas, Deus e tudo que puder me rodear de amor, eu dedico essas palavras.
foto
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Sobre o amor
O amor, que de tão leve e puro que é,
Não, não quer para si,
O amor, que de tão puro e leve que é,
Ele quer ver feliz, se ver feliz mais for,
For o máximo que se pode ser,
Não, não quer para si,
O amor, tão cheio de vontade,
Ele sabe que é e assente,
Alimenta e é alimentado de sorrisos,
Aí! Não! Amor não faz sofrer,
Não diz isso!
Não, não quer para si,
O amor, por bonito ser, benigno permanecerá,
Não há rancor ou egoísmo, por que isto?
Não, ele não quer para si,
O amor é mágico e belo por simplesmente ser,
Na pureza brotar, desabrochar, eternecer,
Sim, ele quer para si.
Não, não quer para si,
O amor, que de tão puro e leve que é,
Ele quer ver feliz, se ver feliz mais for,
For o máximo que se pode ser,
Não, não quer para si,
O amor, tão cheio de vontade,
Ele sabe que é e assente,
Alimenta e é alimentado de sorrisos,
Aí! Não! Amor não faz sofrer,
Não diz isso!
Não, não quer para si,
O amor, por bonito ser, benigno permanecerá,
Não há rancor ou egoísmo, por que isto?
Não, ele não quer para si,
O amor é mágico e belo por simplesmente ser,
Na pureza brotar, desabrochar, eternecer,
Sim, ele quer para si.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
A moça que passa em minha rua
Quem é aquela moça que passa pela rua todo dia?
Ela dobra a esquina e não se mais vê...
Ela é de perto? Ela é de longe?
Mora na rua ao lado ou está só de passagem?
Tão apressada ao meio dia, aonde ela almoça?
E pela tarde fala sorridente ao telefone,
Quem será que ela encontra?
E quando ela não passa, é carona?
Ou será que corta o caminho?
Será que ela sabe que quando ela passa,
A rua inteirinha para para olhar?
Ela se dá conta que seu mistério,
Encanta o velho, o moço, a menina e o gatinho?
Quando ela anda, ela sente nos ombros,
O peso de todos os olhos que a perseguem?
E que seu mistério dura até a esquina que dobra?
Pois ninguém vai atrás, ninguém pergunta teu nome,
Ninguém bate uma foto, só espera ela outra vez passar;
Será que por alguém naquela rua ela também se encantou,
E começou a andar por lá?
Será que ela sabe que meu peito acompanha o seu passar?
Ou será que não é nada disso, será que ela anda sem rumo?
Será que só vai comprar pão?
E se namorar o padeiro?
E se só tiver um irmão?
E se ela nem se dá conta, que por encanto ou por graça,
Ela ganhou o meu coração, com seu simples passar?
Será que ela sabe, que em tão poucos passos,
Minha rua a amou? Eu acho que não.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Delicadeza
Queria te dizer que não consigo descrever nem metade da pureza que tenho na alma, mas de alguma forma turva, ela se mistura com algo que ainda não tem nome, e sai assim de mim, sem jeito, sem cheiro e sem cor, mas com sentimento.
Há sentimentos bonitos e sinceros em mim. Gostaria de te dizer que reaprendi a sentir de uma forma bem mais bonita do que nunca. O que esqueci foi como faço para falar. Palavras são nuvens no céu, quando acho que já percebi sua forma, vejo que ela se desfez.
Assim é meu pensar, efêmero demais para ser transcrito, singelo demais para ser contestado, é o mais puro que pode sair de mim, e é assim que me dou, serena, o máximo que posso, e mesmo assim ainda há um toque de pecado no meio.
Deixo a serenidade para aquilo que posso realmente ser: no platônico mundo perfeito das ideias e vontades livres das impossibilidades. Há muitas escolhas em um único querer.
Eu que sou quatro que sei disso, como mais ninguém, e estou a um passo de descobrir a todo momento. E a cada momento menos sei.
sábado, 16 de novembro de 2013
Por onde o tempo andou
"Mas, o meu passado vive em tudo que eu faço agora, ele está no meu presente." Diz um trecho de uma canção que ouvi Nara Leão cantar, e pensei, poxa, como isso é verdade!
Em um filme, vi uma personagem falando que "lembranças são ótimas se não temos que lidar com o passado", e realmente, fez sentido, porém, acho que não deve ser ruim lidar com ele, afinal, ele faz parte de nós, tudo faz.
Aquele show maravilhoso do Nando Reis, anos atrás continua sendo maravilhoso hoje, na verdade até mais, porque o presente me confirma o que eu já sabia naquele momento, naquele lindo momento que vivi, que vivemos.
Lembro que dias antes dele, numa sexta-feira você estava viajando, estava em outro estado, e brigamos, acredito que foi a nossa única briga, até hoje, porque eu fiquei com ciúmes, porque não estávamos juntos, porque eu tinha certeza, absoluta certeza que eu ia te perder, e por mais que eu soubesse que as coisas tinham de ser assim, eu não queria. Mas eu sabia, eu sabia que em algum momento, mesmo que não naquele, você encontraria alguém lá, então, eu briguei, eu fiz caso, eu me aborreci, eu te aborreci, brigamos, nossa, então era essa a sensação de discutir com você! Que gosto horrível! Mas, por sorte minha nos reconciliamos e por capricho do destino, nos encontraríamos num show do Nando Reis.
E quando eu te vi, eu te beijei, eu te beijei e eu te beijei, eu curti, pulei, cantei, toda elétrica em Pato Fu, mas em Nando, em Nando me virei para você, e você fez o mesmo que eu, e cantamos, cantamos sem quase ver o palco, o espetáculo da noite estava em seus olhos, em toda a vontade de estar juntos, de nossos corpos e de nossos corações, a balada tocando e minha mão em seu rosto, suas mãos em minha cintura, meus olhos nos seus olhos, sempre e em todo momento minha boca na sua, e já não existia mais frio. Aquele era um dos momentos mais doces de todos que já tive, e começou quando peguei em sua mão, toda orgulhosa e sobre tudo feliz, e eu só pensava "eu quero ele sempre assim comigo!". Foi bonito.
A viagem de volta pra casa na madrugada, na neblina, toda aquele cansaço que acabou quando chegamos na casa de nosso amigo, só queríamos estar juntos, dormir juntos, permanecer juntos, seu calor é tão fácil de lembrar, de querer sorrir ao lembrar. Lembrança boa de se ter.
Então, acho que meu passado, que sempre estará comigo é uma lembrança que é boa de se lidar, de ter, pois faz parte de mim e Nando Reis também faz parte dessa lembrança doce, hoje não a carrego da mesma forma de antes, mas sempre terei um sorriso para lembrar.
E que outras doces lembranças tomem conta de mim, me lembrem ou não você, que me tragam essa sensação de que vivi, e que vivi e fiz todo o melhor que ontem, e que o ontem me acompanha para me fazer melhor no meu presente. Ah, e que ele também seja doce!
terça-feira, 15 de outubro de 2013
About a boy
Eu esqueci que em Setembro chove, e que as vezes eu pego um resfriado nessa mudança de tempo,
Esqueci também qual o tamanho certo das roupas que você veste, porque seus ombros são largos e eu sempre fico na dúvida;
Eu esqueci também que eu morro de medo e vergonha de mostrar o que eu realmente sinto, embora eu faça isso todo o tempo, até por pensamento;
Eu quase esqueci da sua barba falhada e das músicas que você murmura enquanto come uma maçã;
Quase esqueci também dos seus passos descontraídos, mesmo quando está chovendo, e do quanto você gosta de caminhar sob a chuva, e de como eu te esperava em casa com uma toalha na mão e te enxugava paciente e contente, sem qualquer medo de me molhar;
Por pouco não me lembrei do quanto eu era destemida andando do seu lado, de mãos dadas, meio dia, meia noite, eu me sentia segura com você;
Eu por um momento esqueci daquela vez que saímos até bem tarde pela primeira vez e fiquei preocupada sem saber se você chegaria bem, andando de moto, sendo sua casa longe, e que eu só sossegava até você dar notícias suas, quase me lembro que nessa época eu não tinha tanto medo das ruas como tenho hoje;
Eu fingo que me esqueço do seu hálito de laranja e de seus óculos embaçados pelo frio, ou do calor de seu corpo quando me abraçava, e como uma criança fazia trilha em meu corpo, me beijava inteira, me pegava no colo e voltava a me beijar, vou fingir que não sei que você gostava e queria tudo aquilo tanto quanto eu;
Eu esqueci de seus olhos morenos durante a noite, que na penumbra eu tantas vezes vi brilhar, ou de todas as horas que você poderia passar de baixo do chuveiro, feliz como um peixe e que queria que eu também estivesse lá;
Fingo também que não sinto falta da paz que me dava sossegar em teu peito depois de um dia difícil, ou ficar em silêncio por simplesmente estar, ou devagar sobre planos e fazer listas de tudo o que ainda íamos fazer, não importa o quanto o tempo passasse, era só o começo;
Vou fazer de conta também que não me sentia a mulher mais sortuda do mundo toda vez que você fazia algo bonito e sincero para demonstrar seu amor e afeto, quando vinha até minha casa só para deixar uma carta e ir embora, ou mandava um telegrama, ou aparecia com uma placa de "eu quero você", é direito meu fingir que nada disso está guardado na memória, como também em uma caixa muito bem cuidada;
Vou fingir que não percebo que de repente todas nossas músicas resolveram tocar ao mesmo tempo, e de uma forma tristemente doce me trazem você um pouco e cada dia mais, até o dia que voltar a te ver.
Vou fingir que meu coração já não espera feliz esse dia, e que ele dispara só em pensar na tua imagem, no som da sua voz, e no calor do seu abraço, mais fácil fingir que nada disso me afeta ternamente.
Vou fingir que, não, não vou fingir, é tudo verdade. Nem sei como será quando eu te ver. Mas eu estou feliz desde já por isso. E isso, eu não sei fingir.
sábado, 5 de outubro de 2013
Registro de um dia bom
Fora um daqueles belos dias que se passam rápidos e serenos, repletos de uma felicidade tão sutil que mal se percebe no tempo, pois o tempo se passa bem mais rápido do que se pode realmente senti-lo. Um dia bonito com meu povo, sim, aqueles que me fazem sentir eu mesma, sem mitos, sem máscaras, sem qualquer prova, sem segundos interesses, é uma comunhão de almas distintas que se tocam e se abrangem num sentindo de eternecer, de enriquecer o que há dentro de cada um de nós, e que pouco nos mostramos, pois, existem poucos que realmente podem e devem nos ver como somos. Não somos para todos.
Fora um dia gigante de poética cinematográfica e risos soltos, de diálogos vorazes provocados por um incentivo lírico e audiovisual denso e instigante. Foram sorrisos, cliques e enredos que poderiam ser repetidos durante mais tempo, que não me enjoariam em nada.
A noite foi tomada por festa, música e comida, mais sorrisos, mais afeto, mais um pouco de uma atmosfera tão inclinada a harmonia que poderia chamar de lar, que na verdade tinha mais sincronia e felicidade que a própria casa. A alma escolhe seu endereço muitas vezes no colo de outras, e assim que foi.
O pensamento estava nele quando não deveria estar, e diferente do que muitos pensavam, aquilo que senti quando a música certa tocou no momento errado não fora tristeza, fora saudade, que de certa forma não é e nunca será tão feliz quando a presença. Mas nem importa.
Havia vinho, doces e risadas, havia bolo, guaraná e muita dança. Um que perfomava como uma grande estrela do pop, uma que latinha intrigada ao ver a dona dançar e dançar, uma que dançava funk enquanto tocava punk, quando não se colocava a sambar; havia um que batia o cabelo que quase não tinha, outro que plantava bananeira na parede; outra que fazia pose, a outra aniversário. Cada um com seus motivos e todos eles com o mesmo intuito, unidos pela mesma energia, aquela energia tão boa que os contenta até horas depois de isso acabar. Porque não acabou, o contentamento está em saber que tudo isso só está a começar. Sejamos infinitos. Façamos este nosso ponto de partida.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Alice em Duas Partes: Eu não sinto sua falta!
— Acabou, Caroline. - disse ela com a voz mais fria que eu ouvi em toda minha vida.
— Não! Escuta, você está de cabeça quente, nós vamos dar um jeito, certo? Nós sempre damos!
— Caroline, acabou, eu não vou voltar atrás, entende isso, vai ser melhor assim.
— Eu vou até você, eu vou largar tudo aqui, eu não me importo com o que vai acontecer, só não vai embora antes de me ver, ok? Por favor, diz que vai fazer isso por mim! Você sabe que eu te amo... Não vou conseguir sem você!
— Não perde seu tempo, não vai ter ninguém aqui te esperando, aliás, preciso ir. Agora.
— Não faz isso, Amanda, eu te amo! - ouvi a ligação cair, tão seca, tão impessoal, sem sentimentos. A morte deve ser fria dessa forma.
Eu passei aquela noite chorando, eu chorei por toda a madrugada, e ao amanhecer, ainda me restavam lágrimas, lágrimas quentes e olhos inchados. Me restavam roupas para enfiar dentro de uma pequena mochila, quebrar o cofre, juntar o pouco dinheiro que eu tinha, respirar o ar da manhã. Ver o sol nascer.
Eu vi e tentei memorizar cada pedacinho do quarto que fora meu por toda a minha pouca vida, esses longos e confusos dezessete anos. Eu tentei lembrar do rosa gasto das paredes, dos três ou quatro ursos empoeirados nas prateleiras, dos livros que nunca tive tempo de ler; daquela meia perdida de baixo da cama, do all star sujo que eu não consegui espaço para levar, das roupas da estação passada que já em nada me representavam; os CDs que eu teria que deixar aqui.
Deixei também minhas lembranças, das duas primeiras vezes que tive nessa mesma cama (vantagens de ser bissexual), as fotos, até dos pássaros que me despertavam toda manhã e eu odiava eu sentiria falta. Sentei na cama que eu não gostava e vi o sol nascer,empurrei com cuidado a porta do quarto de meus pais e os vi pela ultima vez. Eu sabia que seria a ultima vez. Deixei uma carta me despedindo em cima da mesa, mesmo sabendo que eles só notariam minha ausência, ou a carta quando eu já estivesse muito longe daqui.
"Eu estou indo embora por ela... E como vocês disseram que aconteceria, não sou mais sua filha. Adeus e sejam felizes, porque eu vou ser."
Foram minhas poucas palavras, abri as portas com cuidado, as tranquei e fui de uma vez, não olhei para trás. Tinha sido o momento mais corajoso da minha vida, e eu senti tanto orgulho de mim quando subi naquele ônibus e passei horas e horas dormindo e acordando assustada achando que não iria descer no lugar certo! Eu nunca tinha ido aquela cidade. Eu era muito corajosa em ir para lá. Passei boa parte da viagem tentando ligar para ela, e ela não atendia, era típico dela, ela estava chateada. Então mandei algo que ela não poderia ignorar "estou chegando na sua cidade, me encontre no farol às sete da noite. Vamos fugir, seremos livres!", eu sabia que ela não ignoraria isso!
Cheguei as seis e meia com o coração saindo pela boca e um pouco de frio. Às sete eu olhava para todos os lados e só via casais apaixonados e amigos com vinhos e violões. Às oito eu tentava te ligar e olhava desesperada para o ponto de ônibus, as pessoas chegavam e saiam, nenhuma era você. Ás nove eu me agarrava a minha camisa e segurava lágrimas que não saiam de jeito nenhum e procurava raciocinar o que iria fazer. Às dez eu estava sentada num canto de um banco com um casal que ignorava minha presença ao lado. Às onze meu queixo e todo meu corpo tremiam de frio e eu não sentia mais nada. Era meia noite e não havia mais ninguém, só algumas figuras estranhas, bêbados, drogados e olhos promíscuos, de alguma forma eu afastava a todos. Que corajosa sou eu, não? Ah, que burra! Porque ela estaria ali? Curioso, meu sonho era conhecer o mar, nunca tinha o visto antes, e hoje eu o odiava, ela estava em algum lugar do oceano indo para algum lugar que eu não conhecia, ela não morava mais aqui, e nem eu em mim. Às uma eu já não era mais eu. Às duas eu nem sabia quem eu era, e às duas e meia eu seria qualquer uma menos Caroline. Ela nem ao menos disse que me amava, ou que sentia minha falta. Era ridículo pensar nisso numa hora dessas. Às três Roberto chegou, e o resto Caroline não sabe, porque Alice havia tomado o controle de tudo.
***
— Eu sinto sua falta! — ela sussurrou ao meu ouvido antes de me beijar.
Então eu a empurrei para longe.
— Você é a pessoa mais nojenta que eu conheci em toda minha vida, você sentiu minha falta quando estava naquele navio fudendo com um riquinho qualquer?
— Você não tinha a língua afiada assim antes, e não foi um riquinho qualquer, foi o riquinho com que você gostaria de estar fudendo agora.
— Eu odeio você. Eu. Odieo.Você.
— Ah, não! Você me ama! Me disse isso tantas vezes, como poderia simplesmente mudar agora? Já sei o que você está pensando, você queria fuder com nós dois né? Mas, sinto, Felipe, infelizmente não faz esse tipo de cara. Ele na verdade é bem careta na cama, você não iria gostar. Mas, nós duas ainda podemos nos divertir, relembrar os velhos tempos, aprendi umas coisinhas novas que você vai adorar.
Ela se aproximava de mim enquanto falava eu ficava com mais raiva e não sabia o que fazer, eu estava petrificada, o que diabos etá acontecendo comigo?
— Você só está irritada, mas você sabe que eu sei te fazer ficar calminha.
— Sai daqui.
— Vem, vou te mostrar uma coisa, pelos velhos tempos.
Disse ela se aproximando ainda mais. Meu corpo tremia, eu queria bater nela, muito e forte, mas ao mesmo tempo meu corpo pulsava por ela, era uma contradição tão grande que eu só consegui ficar ali parada.
— Vem comigo, vem? - disse ela molhando os lábios com a lingua e respirando fundo, bem perto de mim.
— Para onde, Amanda? Aliais, o que estão fazendo aqui?
Era Felipe, outro anjo que me foi enviado, a diferença é que ele estava bem intrigado e não parecia gostar em nada de ver Amanda do meu lado.
— Qual das duas vai me responder?
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Sobre leveza
A leveza me invade e pede para que eu registre, aqui estou!
A ansiedade passou, a aflição também, ficou o que de bom tenho em mim de você;
Ficou a vontade de escrever enquanto tenho esse sorriso largo e gostoso no rosto,
Esse que não dá pra ver, mas que se sente, como o ronronar de um gato: alma inquieta!
É essa vontade bonita que é mais forte que eu, é a serenidade de desenhar o que está na alma;
De não conseguir traduzir em palavras sentimentos, mas sempre querer e tentar, e tentar,
Hoje penso no amor como sempre pensei: é vontade, mas, ouzo dizer que é algo a mais:
É persistir e perseguir o que te faz bem, afinal, ninguém poderá fazer isso por mim, então,
Que mal há?
Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem, me diz, quem
que irá dizer que não existe razão?
Não serei eu. Não mesmo.
Sei que eu posso sentir, na batida de um folk bonito, no gosto de um vinho tinto suave,
No som de uma risada gostosa, e sobre todas as outras coisas, em um único abraço seu,
Daquele apertado, aquele que cabe o universo todinho dentro daquele que dá vontade de
nunca mais soltar.
A vontade é pegar na tua mão e nunca mais soltar.
Eu não vou soltar. Não mesmo.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Meu silêncio está gritando
Meu silêncio tá gritando alto, tá rasgando a garganta da minha alma, pois, eu estou calada, mas eu queria gritar.
Meu coração bate forte e sem rumo e eu já não sei pelo que: se é de medo, ou é de alegria, se é de dor ou é de saudade, pouco intendo sobre essa ânsia absurda que passei a sentir e não estou acostumada. Não estou acostumada com a saudade.
Meus pensamentos voam mais alto do que posso falar, tento me policiar o tempo inteiro, mas não tem jeito, eles vão anos luz, eles fantasiam, eles suplicam, eles me reclamam com a urgência de um cego tem para poder enxergar, eles estão em todo lugar.
A vida me puxa sem freio e sem normas, sem manuais de instruções, sem listas a serem feitas, a vida segue latente enrolando e desfazendo laços, ela segue apertando e amassando o fio, e de alguma forma que não compreendo, ela me põe de frente a você.
Ela não me explicou ainda se para sofrer ou me redimir. Ela não me deu alguma sinopse para eu saber o meu enredo. Ela só me faz pulsar sentimentos incompreensíveis a cada segundo, ela só me acorda com batimentos fortes e sentimentos abruptos, ela me estabiliza e me anestesia com uma paz na alma e um sentimento tão bom que lavou tudo que existia antes aqui.
Eu não sou mais a mesma, a que mora em mim acabou de sair da chuva, molhada, com frio, insegura, mas completamente limpa, renovada, pronta para o que vier. É essa que eu sou.
Meu coração bate forte e sem rumo e eu já não sei pelo que: se é de medo, ou é de alegria, se é de dor ou é de saudade, pouco intendo sobre essa ânsia absurda que passei a sentir e não estou acostumada. Não estou acostumada com a saudade.
Meus pensamentos voam mais alto do que posso falar, tento me policiar o tempo inteiro, mas não tem jeito, eles vão anos luz, eles fantasiam, eles suplicam, eles me reclamam com a urgência de um cego tem para poder enxergar, eles estão em todo lugar.
A vida me puxa sem freio e sem normas, sem manuais de instruções, sem listas a serem feitas, a vida segue latente enrolando e desfazendo laços, ela segue apertando e amassando o fio, e de alguma forma que não compreendo, ela me põe de frente a você.
Ela não me explicou ainda se para sofrer ou me redimir. Ela não me deu alguma sinopse para eu saber o meu enredo. Ela só me faz pulsar sentimentos incompreensíveis a cada segundo, ela só me acorda com batimentos fortes e sentimentos abruptos, ela me estabiliza e me anestesia com uma paz na alma e um sentimento tão bom que lavou tudo que existia antes aqui.
Eu não sou mais a mesma, a que mora em mim acabou de sair da chuva, molhada, com frio, insegura, mas completamente limpa, renovada, pronta para o que vier. É essa que eu sou.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
(Re)sentir
Aqui estava eu como eu queria estar.
Foram longos anos de sentido ardio e violento, estava naquela época que a única coisa que queremos é não sentir.
Erro meu, eu sei.
Mas era assim que eu me permitia viver. Estava eu em meio a fumaça orgânica e taças e mais taças de vinho. Estava eu em meio a um mundo de gente brincando entre eles. Brincando com eles, tudo era diversão. Diversão no vazio. Era uma busca incessante do quão controladora eu poderia ser comigo e com os outros, conseguir o que eu queria nunca tinha sido problema, e em meio a nenhum problema eu buscava ainda mais facilidades. Tudo certo para mim. No caos de música eletrônica, guitarras sintéticas, ar doce e cervejas baratas, lá estava eu. Era uma pessoa diferente cada vez que saia de casa, deixava meus personagens tomando conta e assumindo minha pele, tomando a pele e esfriando o coração.
Erro meu, eu sei.
Então ressurge você. Como quem não quer ficar, não sei, acredito que sim, espero que não. Mas vamos deixar isso de lado um pouco, o que importa mesmo é o que senti. O que importa mesmo é o que você, mesmo sem qualquer intensão me fez transcender. É o tremor no corpo só de pensar, é a vontade de escrever que volta com uma força indescritível, tão forte e belo que não consigo transfigurar os sentir em palavras. É o coração que reclama calado, mas que pulsa, pulsa como quem grita em silêncio. São as lembranças que me bordeiam sem cessar. Eu não sabia que eu poderia sentir tanto, que tinha tanto dentro de mim precisando de uma pequena desculpa para sair, para estravessar. Algo forte o suficiente para me mudar. Algo que expulsou o não sentir, a vontade de romances efêmeros, que afugentou até o medo de sentir, o maior medo de todos: o de sentir demais.
Erro meu, eu sei.
Entretanto, que fique claro: não tenho mais medo de sentir! Nem de me jogar! Tão pouco de quebrar a cara, eu gosto é do estrago, não, eu gosto é da intensidade, e ela vibra em mim, como um raio que toca o chão. Não importa o que aconteça, só obrigada por, sem nem saber, me tirar da escuridão que existe em mim, e que eu nunca quis lutar contra.
Erro meu, eu sei.
Mas agora eu acertei o pulo. Acerto meu, sem nenhuma dúvida.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
O fim e o começo
O vento
soprava doce, trazendo o aroma de rosas, algumas delas dançavam no céu, aquele
dia cinza que tinha tudo para ser azul, mas teimava em “chiaescurecer”.
“Poderia ser
eu ali” – eu pensei sorrindo, com um desconforto suave no peito – mas... Não
sou eu.
Então eu
entrei, em passos largos na igreja, todos olharam, mas, ao me ver, logo
desviaram o olhar para algo mais interessante. Uma conversa que ficou pela
metade, aquele vestido que deveria ser de outra cor, que está apertado, os cochichos
e gente dizendo que iria direto pra festa, os fotógrafos testando a iluminação,
daminhas correndo, as mães correndo atrás, “o penteado, o penteado!”, os amigos
de sempre a rirem, radiantes nesse dia, a mãe dele tão bonita, lutando para não
chorar, a mãe dela prestando atenção em todos os detalhes. Foram poucos largos
e arrastados passos que precisei dar, sentei por ali mesmo, ultima fila,
discreta. “Mas... que dor mais doce!”, foi meu pensamento.
Quanta coisa
passa na nossa mente em tão pouco tempo, quantos risos, beijos, discussões,
brigas, cenas de novela, videoclipes de amor, filmes e mais filmes, perfumes ao
vento, chegadas noturnas depois do horário, era tudo tão explosivo e cheio de
paixão. Declarações, mordidas, lágrimas, beijos, beijos, beijos, provocações,
orgasmos múltiplos, horas e horas fazendo amor, pseudônimos, viagens
escondidas, todos os hotéis da cidade, primeiras vezes, macarrão com vinho
branco, hipnose, mãos dadas, carinhos, cartas e telegramas, telefonemas e SMS,
você e eu.
Incrível como
nesses momentos – inoportunos – conseguimos lembrar de tanta coisa que fazemos
tudo e mais um pouco para esquecer – mas, a verdade é que devo deixar essas
lembranças para trás. Hoje todos vão saber que o meu garotinho se casou. Não é
comigo, mas que seja linda, linda como um dia foi a nossa.
A música
começa a tocar, agora é oficial! Todos se levantam, algumas garotas já preparam
as lágrimas, outros distribuem saquinhos de arroz, ela vem em passos curtos,
largos, ela sorri, ela sorri andando, tão radiante! Linda, serena... Sempre
imaginei que esse seria o tipo de garota perfeita para ele.
Ele.
Estava ali, em
cima do altar, olhei para tudo, para todas as direções, menos aquela, levantei
a face aos poucos, ele estava mais bonito do que nunca, tão elegante naquele
terno, tão mais maduro, cabelo arrumado, mãos tremulas... E ele brilhava tanto
quanto ela, “e por você perdidamente apaixonado”. Eu fui a primeira a chorar,
não soube exatamente se de tristeza ou felicidade, não sei explicar o que foi
aquele momento... Senti um soco profundo no estomago, um vazio estranho. Mas
logo me recompus, era exatamente isso que ele precisava, que ele sempre quis,
no nosso tempo eu era muito jovem para escolher, mas o “nosso tempo” passou, e ele me escolheu
para ser testemunha dessa história, então, eu engoli o choro, porque eu sabia
que ele merecia uma vida toda de paz e amor.
Então, eu me
senti surpreendentemente feliz, feliz por ele, feliz por ele estar feliz. Ali
foi que eu entendi o que realmente era amar. E ela disse sim, ele disse sim. E
eu o amei, ainda mais, e mais do que sempre, e esse foi o fim.
E o começo.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Volverte a ver
Hoje, justamente hoje meu coração se pegou batendo mais forte do que a muito, muito tempo;
Porque vou voltar a te ver!
Não, não consigo entender, ou explicar o que é isso, é como se eu nunca tivesse sentido algo assim;
É como se algo estivesse crescendo escondido dentro de mim todo esse tempo e agora ele resolveu que pode aparecer;
É por isso que me pego sorrindo e imaginando como pode ser esse dia, esse dia feliz; o dia que eu, que eu finalmente voy volverte a ver!
Te dar um abraço apertado com mais de dois anos de saudade; ver seu sorriso bonito se abrindo de sua boca bonita que não me sai da memoria, sentir o calor de seu corpo aos poucos se misturando ao meu, um beijo talvez, não sei! Só o fato de estar diante de ti já me satisfaz bastante, não preciso de muito mais do que isso, e sabe porque? Because I will see you again a long time from now!
Eu mal consigo expressar as palavras que sinto, e eu sinto que também não vou conseguir dizer a metade do que eu quero quando eu te ver, olhos, por favor! Falem o que minha boca não ousa falar! Olhos, olhos, por favor! Grava esse momento, que nem aconteceu e já me é tão, tão caro! Perché ti vediamo di nuovo!
Vous vous nouveau, volverte a ver, see you again, ti vediamo di nuevo, te ver novamente... Esse momento nem aconteceu ainda e já é um dos mais bonitos da minha vida.
Que louco, tão? Eu vou te ver de novo, é! Eu vou te ver!
domingo, 25 de agosto de 2013
A Falta
Sempre achei que aquela parte mais alta da cama, aquela que fica justamente assim, porque é o lado que a gente não dorme, na verdade, é saudade tua;
Como também, a parede direita do meu quarto, ela vive chorosa querendo mais de nossos amassos;
A luz do meu quarto ascende e apaga tão triste, porque ela gostava de fechar os olhos para a gente fazer amor no escuro;
E minhas janelas nunca mais se abriram felizes para ver o céu sorrir enquanto a gente contava estrelas;
Que aliais, se sentem solitárias ao me verem olhando-as completamente sozinha;
O chão mandou dizer que sente falta do meus passos leves na madrugada, quando eu ia até a cozinha buscar água pra você;
O copo ficou mudo de vontade de ter de volta o toque de sua boca;
Meu cobertor está mais frio sem teu abraço;
E só para não dizer que eu não disse, tudo que tem um pouco de você aqui sente uma vontade legítima de ter tudo de novo;
Então, pode pegar que é tudo teu, eles já não se reconhecem mais em mim;
Porque, até em mim falta você.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Poema sobre Juliana
Juliana, Juliana. Juliana, Juliana!
Como é bom falar teu nome,
Poderia eu repeti-lo por toda a eternidade,
Hoje, acho que foi a única que amei de verdade,
Mas, Juliana nunca acredita em mim,
E porque acreditaria?
Juliana, Juliana, Juliana!
Que abre um sorriso para tudo e para todos,
Que insiste em lembrar de um passado, que não quer que volte,
Que não pode voltar,
Oh, Juliana!
De todas as complicadas, tu és a pior,
Juliana, que não se entende,
Juliana que não me entende,
Juliana que não me quer,
Juliana que sempre vai me querer,
Mas, ninguém pode saber,
Já tive meninas que atendiam por vários nomes:
Nome de índia, nome de cigana oblíqua,
Nome de fazendeira, nome de princesa,
Tiveram outras que nem nome tiveram,
Nomes que não consigo me lembrar,
Nomes que fiz questão de esquecer,
Alguns, tive até que ocultar,
Mas nenhuma delas é você, Juliana,
Juliana, dona do meu amor puro, do meu amor volupio,
Dona do meu amor sereno, do meu amor sincero,
Juliana, que com nosso amor prematuro nas mãos,
Resolveu matar, e eu, deixei pra lá
Afinal, não se pode amar Juliana,
Ela não pode me querer,
Juliana da boca vermelha, Juliana dos beijos quentes,
Juliana do corpo doce, Juliana da mente confusa,
Juliana da voz rouca, Juliana dos olhos castanhos,
Juliana do meu coração,
Oh, Juliana, porque insistes em me dizer não?
Juliana, eu aceito esse teu defeito de esquecer tudo
Aquilo que quer falar e ir dormir,
Juliana, eu entendo que a vida não é fácil, e você quer de tudo ter,
Juliana que não ama ninguém, Juliana, em verdade, eu amo você,
Mas, Juliana não acredita em mim.
sábado, 27 de julho de 2013
Alice em duas partes: querida Amanda
“
My mother accused me of losing my mind, but I swore I was fine”.
Um
redemoinho de sentimentos, a dor no pé, toda aquela sensação de estar em um
filme, de estar em um filme que voltava mais rápido do que eu poderia me
situar, eu voltava para o clímax de um filme antigo que eu quis tanto enterrar,
das lembranças que eu, quando jurara não mais lembrar de quem eu era antes de
ser Alice, jurara esquecer, matar, assim, como quem eu era. Mas, como fazer
tudo isso? É ela porra, o que podemos fazer quando nosso passado simplesmente
bate em nossa porta?
A
mente humana... Penso pouco nessas questões existenciais, não tenho tempo para
isso, apenas ouço falar quando por tédio folheio alguma revista feminina barata
no salão de beleza, sempre há algo assim para se ler, esses artigos
pseudo-filosóficos, aqueles artigos que vem logo depois do “como emagrecer 10
quilos com a dieta da lua” e antes do “20 posições para enlouquecer seu homem”;
tão pouco pagaria algum psicólogo para falar de meus problemas, bem, não
costumo falar deles nem de graça! Mas, provavelmente existe alguma teoria
dizendo que algumas ações, por menores que sejam acabam desencadeando reações
maiores, existindo ou não, eu acabo de comprovar o quanto mexeu comigo aquele “quem
é você?”
Tá
aí uma pergunta que não sei responder, quem sou eu? Aquela menina chorona que
Roberto encontrou no Farol, ou essa mulher forte que venho lutando para ser? Ou
essa garota fragilizada com o pé sangrando e que ainda pisa em cacos... Por
muito tempo, eu achava que se tinha alguém no mundo que sabia que eu era, essa
pessoa seria ela.
—
Ninguém que você conheça, achei que era alguém que eu conhecia, mas, foi apenas
impressão minha. — eu falei isso mancando para a cadeira mais próxima,
precisava ao menos tirar os cacos de vidro de meu pé para poder pensar melhor,
mas de fato, aquela mulher... Eu não fazia ideia de quem era, mesmo em tese
sendo ela. Mas, para todos os efeitos, Alice nunca conheceu Amanda, ou seja lá
quem ela seja agora.
—
Olha o seu pé... Vou pegar a caixa de primeiros socorros, onde meu pai se meteu
nessas horas? — disse Felipe com cara de preocupado, mesmo resmungando enquanto
se distanciava, deixando eu e ela sozinhas na varanda.
—
O que diabos você está fazendo aqui, Ca... — Amanda começou a falar.
—
Alice, meu nome é Alice — disse eu cortando a fala de Amanda enquanto arrancava
os caquinhos de vidro restantes. — Eu é que pergunto, o que VOCÊ está fazendo
aqui Amanda?
—
Escuta, Felipe voltará em breve, mais tarde eu te encontro na praia, lá pelas
duas, e te explico tudo, okay? — disse Amanda de maneira intimista.
—
O que você tem a esconder, Amanda? Por que eu te ajudaria? — disse eu vendo o
sangue começar a estancar em meu pé.
—
Eu prometo que te recompensarei mais tarde — disse ela segurando meu queixo e
me fazendo olhar em seus límpidos olhos azuis — E também vou querer saber
exatamente o que você faz nessa casa.
Não
tive tempo para questionar, ou se quer responder malcriadamente, logo ouvi a
voz estrondosa de Roberto irrompendo pela porta, ao lado Felipe com cara de
desconfiado segurando uma maletinha de pequenos socorros.
—
Certo — foi a única coisa que pude dizer, assim que cruzou a porta, Roberto me
colocou no colo como se eu fosse sua criança indefesa, pegou a maletinha com a
outra mão e me levou para o quarto enquanto falava o quanto eu era frágil e que
e não deveria me preocupar, pois, ele cuidaria de mim.
—
Felipe, acomode sua namorada! Mais tarde nos veremos, aliais, muito prazer em
te conhecer Amanda!
—
Igualmente, senhor Roberto! — disse Amanda com um belo sorriso.
—
Oh, não me chame de senhor! Eu poderia ser seu namorado! Veja a minha Alice
aqui! — disse ele rindo e subindo as escadas. Acho que Amanda entendeu o que eu
fazia ali.
Não
tive coragem de tentar encará-la novamente naquele momento, Felipe apenas
continuava em silêncio, mas eu conseguia sentir todo seu repúdio, não era difícil
de respirar e sentir o desdém dele.
***
Eram
quase duas da manhã quando levantei da cama com o máximo de cuidado que poderia
ter, meu pé já não doía mais, estava perfeitamente enfaixado, Roberto foi um
enfermeiro dedicado, e por ter chegado cansado de uma reunião não demorou a
dormir. Coloquei um blusão confortável e fui andando pela casa escura, tudo
estava tão calmo, mal parecia que uma tempestade me esperaria do outro lado da
porta.
Andei
com certa dificuldade pelo chão de madeira frio, ouvia apenas o silvo do vento
quando pisei no ultimo degrau da escada, as cortinas balançavam com calma e
pelas vidraças da porta entrava uma luz prateada da lua que eu conseguia ver ao
longe, pequena entre poucas nuvens, mesmo assim o chão estava iluminado, a
areia branca da praia funcionava como holofotes um tanto incômodos em meus
olhos. Mesmo assim eu fui, segurei a maçaneta. Respirei uma, duas, três vezes,
não tive forças para abrir a porta, afinal, longas foram as noites que meus
dias giravam ao seu redor, Taylor Swift não saia de minha cabeça, era como um
triste fundo musical, Amanda era meu “Dear John”, cara a cara, ali, atrás
daquela porta, quando eu achei que nunca mais a veria... Abri a porta e fui
encarar: a ela e a mim, mas é claro que bem no fundo eu apenas rezava para que
o chão não desmoronasse sob meus pés. De novo.
Eu
tentava não pensar, antes de a ver todo aquele flash back fixado em minha
mente, indo e voltando, indo e voltando.
“Quem
é você?” — ela perguntou, mas eu não sei, eu realmente não sei. Só sei que era
amor. Chega de máscaras e muros, era amor! Afinal, Quem eu quero enganar? Era
amor, ao menos da minha parte, afinal, nunca temos como ter certeza se isso é reciproco.
E
ao abrir a porta, eu simplesmente tive a certeza que era amor, mas não, nunca
foi reciproco.
—
Nossa, você foi pontual! — disse ela — ainda bem, tenho muitas coisas para
conversar com você. — disse ela me olhando dos pés a cabeça.
—
O que você quer? — disse eu me segurando enquanto tremia, de medo e de mim.
—
Primeiro, — disse ela chegando rápida e astutamente bem próximo a mim —
primeiro, deixe-me sentir seu cheiro Eu senti tanto sua falta.
Sabe
o que eu disse sobre pequenas ações que acarretam em grandes reações?
—
Seu cheiro... Como eu poderia esquecer? — disse ela acariciando meus cabelos e
me puxando pela cintura — Como eu poderia não desejar?
Pequenas
ações, grandes reações.
—
Eu sinto sua falta! — ela sussurrou ao meu ouvido antes de me beijar.
E
foi exatamente nesse instante que aquela porra toda voltou a minha mente, como
num filme em preto e branco, simplesmente tudo começou novamente dentro de mim,
no tempo exato de um beijo, que eu mal tinha ideia do quanto duraria.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Eu acho que sempre soube que era uma escritora. Desde criança. Quer dizer, quando somos crianças a gente mal sabe que sabe das coisas, temos apenas os sinais, e eu, ah! Eu tinha todos! Todos os mundos em minha mente, cada personagem com suas vidas e mundos interiores, os mundos, cidades, castelos, batalhas, romances... Cada potencialidade encontrada em cada vida de cada ser que eu inventava e soprava as narinas... Porque, quando escrevemos, nós também somos deuses, mas, daí achamos que podemos ter controle sobre nossas criaturas, mas não! Eu escrevo um começo, o meio e o fim são deles.
Desde que eu era criança, e até hoje, me encanto com essas criaturas que conduzem seus próprios destinos, suas vidas ditadas em páginas, todas as vidas que passam pela minha caneta, e de alguma forma, ficam pra sempre dentro de mim.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Só pra constar
Uma das coisas mais lindas que vi, nesses meus últimos cinquenta e cinto mil anos foi o sorriso dela, e os olhos dela perdidos tentando fixar o olhar em algum ponto no chão, para não me encarar, me pedindo pra ficar.
Como negar que o mundo parou? Não havia alternativas; era ali que eu queria ficar, mesmo tendo outro lugar para ir, e indo para outro lugar, sem dúvida alguma: foi ali que meu coração ficou, eu percebi isso justamente quando nosso sorriso se encontrou, não, não houve qualquer dúvida! Ali: bem ali, uma história de amor começou.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Teimosia, de noite e de dia
Teimosia é uma ferida vadia que teima em queimar,
Como brasa tardia na boca de quem sisma em sismar;
Teimosia é uma menina mocinha que insiste em insistir,
É passarinho que bate a asa até voar;
Teimosia é o olho do filho que pede sem ninguém para dar,
É mãe que diz não mesmo podendo dar;
Teimosia é querer ficar na cama e levantar pra trabalhar,
É fazer café e ter preguiça de coar;
Teimosia é achar que o mundo não tem mais jeito,
E mesmo assim acreditar;
Teimosia insistir no impossível até possível ser,
É a persistência que move a mim e a você.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Quantos olhos temos?
Há quem diga que os olhos são a porta da alma, de fato, são um par sincero, puro discreto, fujão, voraz, faminto, raivoso... Há tantas aparições, milhares de significados e leituras para um único par... Nós vemos dois olhos, mas em verdade, quantos são? Quantas portas existem neles e nos levam até a alma? Será um labirinto? Há de verdade um lugar para se chegar? E ao invadir a alma alheia, o que fazer além de deixar os olhos que veem e invadem fluir por todos os espaços do universo?
A felicidade é o olhar, é o sentir
A felicidade pode ser captada por uma lente voraz, mas não é ter uma câmera na mão,
É mais do que isso: é ter um milhão de fotos que te remetem a tanta coisa boa!
Felicidade não é ter uma câmera, mas sim coisas boas para fotografar, para lembrar, para amar,
Abrir um sorriso novo toda vez que voltar a olhar, e sentir cada dia mais vontade de fixar o hoje em imagens,
Eternizar para sempre ver e reviver, e a cada dia ter razões para mirar e fotografar...
A felicidade, é o olhar, e é mais do que ver: é sentir o olhar.
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terça-feira, 11 de junho de 2013
Uma que são quatro, talvez cinco até
Há em mim, e provavelmente sempre haverá em mim quatro garotas,
Tão distintas, tão iguais, tão ávidas, tão vorazes, tão serenas, tão fugazes.
Quatro atrizes do palco da vida, quatro almas presas em uma única,
Há em mim quatro existências que lutam para se sobrepor,
Mas que se ajudam, que se amam, não se julgam, mas, tentam vencer;
Há em mim, sempre haverá em mim uma tal que gosta de ser ruim,
Que beija prevendo como ira apunhalar,
Outra que brinca com corações como meros jogos de montam,
Buscando o melhor encaixar,
Mas, sabe em verdade: nenhum basta;
Há uma donzela de coração puro lutando arduamente contra suas lágrimas,
Querendo sempre crescer, ser destemina, mal enxerga o quanto que é,
Essa sim vale a pena conhecer, mas não se mostra a muito, e para poucos se guarda,
Sabe que é rara;
A outra é a instável que necessita das três,
Que finge que acredita no que inventa,
E que sorri com a alma de quem é quatro,
Atriz que nunca soube atuar,
Que se inventa e reinventa,
Se reorganiza e se reagrupa.
Para não cair na monotonia,
Para nunca deixar de ser criança,
Para ser a mulher que ela quer ser,
Que escreve com a pureza de quem nunca caneta teve nas mãos,
Mas sabe sonhar.
Ela há de sonhar,
Escrever,
Se inventar,
E amar, e amar, e amar!
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Eu que jurei nunca mais escrever para ti
Forte o suficiente para durar quase sete verões,
Era grande, era intenso, era inquieto, era amor.
Hoje, pouco restou do que sobrou,
Foram tantas marcas, magoas, cicatrizes e chagas,
Que mal posso entender com exatidão quando tudo se partiu,
É sempre por um triz que se salva ou se perde algo que se estimou,
A muito tempo com zelo guardado, hoje nos resta um mero rancor,
De palavras não ditas e mal entendidos a parte,
Não me reconheces mais, logo tu que me conhecias mais que eu!
Não te reconheço mais, logo eu que te amei mais do que a mim.
Pobre de nós!
Nos amamos certo no tempo errado, encontramos amor num lugar sem esperança,
Procurei abrigo nos braços de quem me empurrou,
Um vale de lágrimas tive que passar sozinha,
Forte como sou, superei, me reergui, fui construindo barreiras para não mais me machucar,
Ao passo que sem mesmo me dar conta eu me afastava de ti,
Você, tomara um rumo diferente do meu, e como acontece com muitos casais na vida,
A vida nos separou,
Separou aquilo que prometemos para sempre cuidar.
É irônico um ser efêmero jurar amor eterno, sendo que ele nunca dura,
Assim como nós, mas foi amor.
Hoje, não me amas mais e o sentimento é totalmente reciproco,
Hoje, sei de tu quando outrem acaba por me falar, então mudo de assunto, o que posso eu dizer?
Não gosto de ver tua vida por fotos, pois antigamente eu te observava dormir
Não é um sentir falta doído, mas é uma lembrança que de tão boa doeu ter que macular.
Mas a liberdade nos fez agir como se deve, para frente é o caminho,
E no fundo do meu ser desejo a ti tudo que desejares a mim,
E ainda maior, e ainda melhor: que sejas feliz.
Em verdade sei que não posso ser tua amiga, tê-la de volta também não faz parte de minhas pretensões,
O que acaba sendo algo desastrosamente forte, porque para nós,
Num futuro breve ou distante, não resta se quer um só verão.
terça-feira, 4 de junho de 2013
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Não entendo, mas tenho certeza
Quando você olha no fundo dos meus olhos, você consegue enxergar minha paixão?
A vontade que eu sinto de rasgar o mundo em dois,
De fazer Deus descer do céu e dizer o que é e não é errado,
Só pra te provar que o proibido não existe?
Somos estúpidos, meu bem, encontramos o amor em um lugar sem esperança.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Alice em Duas partes: Manhã naquele quarto, noite na varanda
Era como um sonho ver ele ali, tão perto num sono tão profundo que mal poderia sentir minha presença, meio que por instinto fui até ele e me aproximei, tão próximo de sua boca, sentindo sua respiração, seu hálito doce mesmo àquela hora da manhã, mas ele acordou.
— O que você está fazendo aqui, vadia? — foi o que ele disse, então, todo o encantamento acabou, me olhava com repúdio, então, não demorei muito para recordar o porque eu tinha vindo aqui.
— Eu estava apenas tentando te acordar, seu grosso, porque eu quero conversar com você, deixar algumas coisas bem claras e quis falar em particular.
— Então, já que invadiu meu quarto e me acordou, fale logo o que você quer. — disse ele sentando na cama e cruzando os braços, ainda com o ar defensivo, a fraca luz que vinha pela janela batia em seus ombros com sutileza, contornando seus braços e sumindo perto de seu pescoço, deixando seu rosto encoberto em sombras.
— Bem, eu sei que não tivemos o melhor começo, e eu até entendo o fato de você não gostar de mim, mas você sabe que eu estou aqui e não tenho a menor pretensão de sair, então, vamos ter que nos aguentar, e é melhor que seja da forma mais amigável possível.
— Eu não tenho que compactuar com esse tipo de coisa, minha mãe ama meu pai, você já parou para pensar nisso alguma vez?
— Mas, seu pai não ama sua mãe, — as palavras simplesmente saíam de minha boca — vamos ser honestos, você sabe que eu não sou a primeira amante dele, e se eu sair da vida dele... Não serei a ultima, cara, eu não incomodo ninguém, nem faço inferno, eu estou bem do jeito que estou vivendo, nunca quis prejudicar sua mãe, mas não vou me prejudicar também, além do mais, ela deve conhecer melhor do que eu o marido que tem em casa.
— Não, ela não conhece. — disse ele em meio a um sorriso irônico — nem eu conhecia, mas conheço muito bem garotas como você, e quer saber? Vocês acabam sozinhas porque ninguém respeita vadias.
— E você é o cara mais estupido que já vi na vida, e olha que eu já vi muitos. — disse eu com muita raiva, eu tinha chegado ali em missão de paz!
— Não duvido que tenham sido muitos mesmo, agora você pode sair de meu quarto? — disse ele levantando-se e abrindo a porta do quarto.
— Olha garoto, eu não terminei de falar. — disse eu levantando e bufando de ódio.
— Não tenho que ouvir seus latidos, vá enquanto eu não perco minha paciência.
— Ah, e o que você vai fazer? Me bater? — Cheguei mais perto dele, bem perto na verdade.
— Eu não... — disse ele se aproximando ainda mais de mim, abriu um lindo sorriso irônico — os quais ele parecia ser mestre, e falou: não bato em animais.
Mas eu sim. Enchi minha mão com toda a força que tinha adicionado com toda a raiva que estava sentindo e lhe dei um tapão estrondoso na cara.
Por impulso, ele ergueu a mão no ar para me devolver o tapa, mas algo o segurou.
— Olha garota — disse ele abaixando a mão e respirando uma, duas, três, quatro vezes — se você quer arrumar barraco escolheu o cara errado, só sai do meu caminho, eu odeio garotas como você, e sei bem como lidar com seu tipo, estive a vida toda rodeado delas, não vou cair na sua.
— O que porra você quer dizer com isso? — disse eu confusa e com o coração acelerado e me sentindo humilhada, a quanto tempo eu não me sentia assim, meu Deus?
— Aproveitadoras, garotas querendo tirar proveito de tudo que pode, meu pai não é o bastante pra você tem que vir pro meu quarto? O que você estava procurando, você não vai achar.
— Eu vim aqui pra estabelecer paz, não quero nada com um ridículo como você, que aliais é tão estupido que deve ser sozinho na vida.
— Eu tenho alguém, uma garota que me enxerga do jeito que eu sou e não o que eu tenho, uma mulher de verdade, coisa que você nunca vai ser na vida, agora sai daqui, apenas saia.
O que mais poderia fazer? Saí. Sai e passei o dia de mal humor, despistei Roberto dizendo que estava com enxaqueca e ele acreditou, não falei mais com Felipe desde a manhã, e já era quase noite, eu tinha passado o dia inteiro na praia olhando o mar e sentindo um aperto estranho no peito, logo concluí que era raiva, e não conseguia parar de pensar em Felipe e aquilo estava me dando nos nervos, queria voltar para meu quarto, mas me amedrontava a ideia de cruzar com ele naquela casa. Mas já estava ficando frio e eu estava ficando com sede, tomei coragem de voltar para a casa e encarar aquele puto.
Mal sabia eu o que estava esperando lá, antes tivesse entrado no mar e respirado água até me afogar.
Ao chegar dentro de casa, entrei de fininho sem fazer muito barulho, dava passos leves no piso de madeira, peguei um copo de água bem gelado e resolvi subir para meu quarto, deveria estar passando algo de interessante na TV, Roberto ainda não tinha voltado de sua reunião e não havia nem sinal de Felipe. Subi as escadas tomando um longo gole de água, já estava quase na porta de meu quarto, mas ouvi sons de risadas conhecidas, uma era de Felipe, isso eu consegui identificar, mas a outra... Eu sabia que era de alguém conhecido, mas não sabia exatamente quem, era uma voz feminina que me fez pulsar automaticamente, mas quem?
Andei com a ponta de meus pés e fui até a varanda da casa, a porta estava entre aberta, era para ser só uma espiadinha...
Parecia uma daquelas cenas de filme da Disney, sabe? Felipe e uma garota de cabelos longos, escuros e ondulados pareciam os protagonistas, não conseguia ver seu rosto que estava bem apoiado no peito dele. Os dois estavam rindo e sorrindo rodando na varanda com aquela luz de fim de tarde misturada com a da lâmpada amarela sobre eles. Ele sussurrava alguma coisa em seu ouvido e ela só ria e seu riso me incomodava cada vez mais.Sem qualquer aviso eles pararam e ela, ainda com seu cabelo sobre o rosto segurou o dele com as duas mãos. Como eu senti inveja dela! Então, ele afastou o cabelo dela e sorrio como se estivesse olhando para a coisa mais preciosa do mundo, eles iriam se beijar e eu não conseguia parar de olhar para ele, mas consegui desviar meus olhos para ver quem diabos era aquela garota... E eu simplesmente não consegui acreditar, repentinamente perdi as forças, estava quase desmaiando quando o copo de água gelado teve que cair em
meu pé para eu voltar para a terra, eu não podia acreditar.
Era ela.
— O que diabos você está fazendo aqui? — disse eu tremendo dos pés, que por sinal estavam sangrando, à cabeça. — Pode me explicar?
Era ela.
— Vocês... Se conhecem? — disse Felipe totalmente confuso olhando para seu rosto e para o meu.
Era ela.
— Quem é você? — foi a única coisa que saiu de sua boca naquele momento, mas não havia qualquer dúvida. Era ela.
domingo, 26 de maio de 2013
Na estrada morrendo jovem a cada dia
Quando atravessamos a cidade sem medo, desafiando qualquer perigo,
Eu sinto que estou viva.
Freadas bruscas, pé no acelerador, oitenta, noventa, cem por hora. Viva rápido,
Porque eu sinto que estou viva.
As luzes dos faróis que iluminam e apagam meu rosto, os postes ao longe como se fossem estrelas, o vento frio e forte contra meu rosto,
Neste momento eu sinto que estou viva.
Desafiando para uma corrida qualquer um que para num sinal vermelho, sem cinto de segurança, apenas dirigindo,
E é maldita essa certeza de que sinto que estou viva.
Vamos correr rápido, eu quero, eu vou viver rápido, quero por alguns segundos que minha alma se desprenda de meu corpo,
O som alto me faz querer correr mais, e nesse momento minha alma volta para meu corpo,
E eu sinto que estou viva.
Nós vagamos lentamente pela cidade madrugada a fora, estacionamos em uma esquina qualquer, os vidros estão fechados e tudo é silêncio, o deserto de gente que não sei onde está, nós estamos ali e em algum momento cada um se desprende do lugar, tão só que está,
Tão só assim e sinto que estou viva.
Eu procuro uma estrada calma para chorar mansinho, ou uma pista rápida para extravasar minha raiva,
Um caminho longo para que possa ouvir meu CD favorito, quando se está feliz a gente sempre quer prolongar a jornada, ou estou cansada e só quero que o percurso acabe, ora, em todos esses momentos com gritos silenciosos e alegrias subliminares,
Eu ainda sinto que estou viva.
E a vida que corre tão depressa dentro deste carro se movimenta cada vez que o sinal abre,
E eu fico feliz por sentir que estou viva, mas me entristeço por saber que estou morrendo jovem a cada dia,
Mas, mesmo com essa certeza, eu ainda consigo sorrir por saber que estou viva.
Olhares
Hoje acordei com os olhos diferentes, acho que eles estão mais bonitos, mais fortes, mais serenos e captadores.
Hoje, vejo o que não pude ver até ontem, é a poesia, ela está tomando conta de mim, independente de você compreender ou não, o vento frio que bate e transcende.
É sereno, é sereno, é sereno.
É o que vem com a chuva e molha até a alma, que faz brotar e florescer.
É vida, é vida, é vida.
Não entendeu ainda?
Pois então venha, eu posso te mostrar,
Basta que abra os olhos, mente e percepção.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Estrangeiros em solo sagrado
Estou apaixonada por uma garota que me seduz a medida que faz meu coração pulsar,
meus olhos a seguir e rejeitar qualquer que seja o pensamento que não seja o dela,
Que me prende a respiração e que me devora em beijos que fazem as luzes acenderem e apagarem,
que me queimam até a alma, que me encanta a cada passo, que passa e todo mundo acha graça,
Que fez meu peito se abrir outra vez, que me abraça com ternura e se insinua quando ninguém vê
Que me vê exatamente como eu a vejo, e que queima de desejo, que me devora com um olhar,
É só uma menina e me faz vibrar, me dilacera a alma de uma forma como jamais me ocorreu,
E em meio a tantos frisões e ciumes eu percebo que todo meu sorriso é teu.
Até o fim,
Não, nem tanto tempo assim,
Até que eu o vejo.
Estou apaixonada por um homem que me prende em suas histórias e me faz querer mais,
Que me seduz de propósito e nem percebe o estrago que faz,
Que me faz pensar em coisas que eu nem sabia que queria mais,
Que me sufoca só de imaginar todos os momentos loucos que pode me propiciar,
Que devagarinho quer tomar-me a alma e como um artista me traduzir, como uma aranha, sua teia a esculpir,
Que fez meu peito sentir ânsia de tudo que eu sempre quis mas reprimi, que me convida e ao contrário de tudo,
simplesmente me faz querer aceitar, que me encanta com seu olhar, sua natureza de quem tem sonhos grandes e imortais, imorais,
Que se agrada quase que exatamente de tudo que eu vejo e aprecio, que me faz querer ficar e descobrir o porque quero,
É só um homem forasteiro e pouco compreendido, me encanta suas palavras ásperas que fazem muitos apavorar,
E em meio a tantos frisões e incógnitas eu percebo que meu sorriso pode ser dele também.
Não sei nem se até o começo,
Ou seja mais tempo do que isso, mais do que mereço,
Até que eu os vejo perdidos, recém-chegados dentro de mim,
Mas os recebo de portas abertas, espero logo saber qual dos dois irá ficar,
Mas a minha vontade agora, egoísta que só ela quer os dois para mim,
Não tenham medo, meu coração é um bom lugar, e cabem dois.
Meu peito é um solo sagrado e decidi que agora quero os abrigar.
Meu coração de certo é um solo sagrado, mas as vezes cabem dois.
E eis que confuso! Que feliz! Encontro hoje dentro de mim um par.
Meu coração de certo é um solo sagrado, mas as vezes cabem dois.
E eis que confuso! Que feliz! Encontro hoje dentro de mim um par.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Manifesto Contra A Luz
As luzes estão todas mortas! Elas mal existem até serem vistas,
As luzes da cidade morreram porque todos esqueceram de pagar a conta,
Porque o fogo da cana lá na usina queimaram os fios,
As luzes artificiais nem existem, é tudo nosso ego com medo de escuridão,
Morte as luzes estupidas que mal me deixam contemplar os verdadeiros luzeiros do céu,
Vamos ascender a luz das estrelas, por favor,
Antes que eu me lembre que elas também morreram a milhares de anos antes de minha mãe me dar a luz. Minha luz está se apagando a todo dia que passa, a cada passo no escuro que dou,
Mas não tenho medo da escuridão, ela é apenas o contrário da luz,
E a luz não existe, e o que existe então se tudo morreu?
Quem vai me ascender e me fazer acreditar no inverso?
Eu não sei, porque para mim toda e qualquer tipo de luz morreu.
Me faça ascender! Me faça ascender, eu suplico: por favor, me faça ascender!
Porque qualquer luz, dentro e fora de mim morreu.
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