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domingo, 11 de novembro de 2012

Inesperado - parte I



Nossa, como eu queria vê-la! Minha amiga tão querida que eu não via a muito, por minha culpa, é claro, eu tenho aquela velha mania de sumir e reaparecer quando bem entendo, ela mesmo brincava, dizendo que eu era sua fantasma por excelência, eu, bem, por mais que eu me afastasse, nunca fiquei longe o suficiente para não saber voltar, afinal, eu sempre achava o caminho de volta. 
Eu tinha chegado primeiro no lugar, ambiente conhecido, era o único bar da cidade que tocava música descente, que tinha uma decoração retrô e luzes verdes em meio aos leds coloridos, vários painéis com artistas do década de 40, me fazia sentir em casa, entrar em conexão com uma época glamourosa que não vivi, tudo isso ao som de Lady Gaga.
Peguei uma cerveja e me sentei no balcão, não demorou muito para encontrar alguns conhecidos, tudo é muito fácil e divertido quando o copo está cheio, logo eu estava sorrindo de alguma besteira dita por um dos meninos, e me esqueci completamente do porque tinha ido para aquele lugar; até que uma mão tocou meu ombro e me fez virar. Meu Deus, o que foi aquilo?
Lembro como se fosse ontem, a música tinha mudado, estava tocando "Ainda Bem" de Marisa Monte, e meus olhos captaram tão bem aquela cena, quanto meus ouvidos a melodia, era... Nossa! Era linda! E como ela estava linda!
Era ela sim! Tão linda como eu nunca tinha visto, ela sempre foi linda, seus olhos verdes sempre foram algo desconcertante, mas naquele dia ela estava especialmente sensual, aquele lápis contornava o mar de sua íris de tal forma que o universo inteiro parou por alguns segundos só para que eu pudesse memorizar aquele momento, aquela deusa com sua saia preta de cintura alta e blusa branca, seu salto agulha, cabelo negro e esvoaçante, e o sorriso mais lindo que eu já tinha visto até então. Uau! Peraí, uau? Ela é minha amiga, por Deus, para! Mas eu não parei, esse foi o primeiro dia que eu a desejei como mulher.
Logo saí de transe e a abracei, entrei em outro; seu corpo exalava um perfume tão doce, sua pele tão macia e branca, eu não queria soltá-la, mas logo o fiz.
Foi uma noite divertidíssima, conversamos, dançamos - ela dançou, já eu, bem, não é fácil manter alguma sincronia quando se tem dois pés esquerdos - o tempo passando e eu ficando cada vez mais encantada com seu sorriso, e as brincadeiras e provocações começaram, - a gente sempre se provocava muito, mas nunca tinha levado a sério — risadas, toques de mão, cintura, coxas, quase beijos, olhares tentadores... Ela sempre foi mestre em provocar, eu era sempre tão desligada, mas nesse dia eu sabia muito bem o que queria: ela.
Minha timidez barata não me deixou fazer muita coisa lá dentro, mas o copo já estava vazio e a coragem tomando conta de mim, a hora avançando e eu não estava sóbria o suficiente para ir para minha casa, a solução? Dormir no apartamento dela.
Pegamos carona com algumas amigas dela, saí do carro cambaleando um pouco, demos boa noite para o porteiro e logo adentramos no prédio, ela trancou a porta e eu não esperei nenhum minuto, a beijei ali mesmo, na porta daquele corredor vazio, a beijei com toda a vontade e desejo que fora desperto naquela noite, rolamos pelas paredes, tropeçando em nossos próprios pés, nesse momento eu esqueci completamente que quem estava ali era a minha linda amiga de tantos anos, eu a queria e era isso que importava naquele momento.
Ela não havia bebido, então abriu a porta de seu apartamento sem maiores dificuldades, continuamos nos beijando e nos livrando das roupas com pressa, passaríamos a noite na sala mesmo, num colchão que já estava por lá, algo me disse que a noite seria longa, longa e feliz, e eu não estava enganada.



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