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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Não entendo, mas tenho certeza


Quando você olha no fundo dos meus olhos, você consegue enxergar minha paixão?
A vontade que eu sinto de rasgar o mundo em dois,
De fazer Deus descer do céu e dizer o que é e não é errado,
Só pra te provar que o proibido não existe?
Somos estúpidos, meu bem, encontramos o amor em um lugar sem esperança.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alice em Duas partes: Manhã naquele quarto, noite na varanda


Era como um sonho ver ele ali, tão perto num sono tão profundo que mal poderia sentir minha presença, meio que por instinto fui até ele e me aproximei, tão próximo de sua boca, sentindo sua respiração, seu hálito doce mesmo àquela hora da manhã, mas ele acordou.
—  O que você está fazendo aqui, vadia? — foi o que ele disse, então, todo o encantamento acabou, me olhava com repúdio, então, não demorei muito para recordar o porque eu tinha vindo aqui.
— Eu estava apenas tentando te acordar, seu grosso, porque eu quero conversar com você, deixar algumas coisas bem claras e quis falar em particular.
— Então, já que invadiu meu quarto e me acordou, fale logo o que você quer. — disse ele sentando na cama e cruzando os braços, ainda com o ar defensivo, a fraca luz que vinha pela janela batia em seus ombros com sutileza, contornando seus braços e sumindo perto de seu pescoço, deixando seu rosto encoberto em sombras.
— Bem, eu sei que não tivemos o melhor começo, e eu até entendo o fato de você não gostar de mim, mas você sabe que eu estou aqui e não tenho a menor pretensão de sair, então, vamos ter que nos aguentar, e é melhor que seja da forma mais amigável possível.
— Eu não tenho que compactuar com esse tipo de coisa, minha mãe ama meu pai, você já parou para pensar nisso alguma vez?
— Mas, seu pai não ama sua mãe, — as palavras simplesmente saíam de minha boca — vamos ser honestos, você sabe que eu não sou a primeira amante dele, e se eu sair da vida dele... Não serei a ultima, cara, eu não incomodo ninguém, nem faço inferno, eu estou bem do jeito que estou vivendo, nunca quis prejudicar sua mãe, mas não vou me prejudicar também, além do mais, ela deve conhecer melhor do que eu o marido que tem em casa.
— Não, ela não conhece. — disse ele em meio a um sorriso irônico — nem eu conhecia, mas conheço muito bem garotas como você, e quer saber? Vocês acabam sozinhas porque ninguém respeita vadias.
— E você é o cara mais estupido que já vi na vida, e olha que eu já vi muitos. — disse eu com muita raiva, eu tinha chegado ali em missão de paz!
— Não duvido que tenham sido muitos mesmo, agora você pode sair de meu quarto? — disse ele levantando-se e abrindo a porta do quarto.
— Olha garoto, eu não terminei de falar. — disse eu levantando e bufando de ódio.
— Não tenho que ouvir seus latidos, vá enquanto eu não perco minha paciência.
— Ah, e o que você vai fazer? Me bater? — Cheguei mais perto dele, bem perto na verdade.
— Eu não... — disse ele se aproximando ainda mais de mim, abriu um lindo sorriso irônico — os quais ele parecia ser mestre, e falou: não bato em animais.
Mas eu sim. Enchi minha mão com toda a força que tinha adicionado com toda a raiva que estava sentindo e lhe dei um tapão estrondoso na cara.
Por impulso, ele ergueu a mão no ar para me devolver o tapa, mas algo o segurou.
— Olha garota — disse ele abaixando a mão e respirando uma, duas, três, quatro vezes — se você quer arrumar barraco escolheu o cara errado, só sai do meu caminho, eu odeio garotas como você, e sei bem como lidar com seu tipo, estive a vida toda rodeado delas, não vou cair na sua.
— O que porra você quer dizer com isso? — disse eu confusa e com o coração acelerado e me sentindo humilhada, a quanto tempo eu não me sentia assim, meu Deus?
— Aproveitadoras, garotas querendo tirar proveito de tudo que pode, meu pai não é o bastante pra você tem que vir pro meu quarto? O que você estava procurando, você não vai achar.
— Eu vim aqui pra estabelecer paz, não quero nada com um ridículo como você, que aliais é tão estupido que deve ser sozinho na vida.
— Eu tenho alguém, uma garota que me enxerga do jeito que eu sou e não o que eu tenho, uma mulher de verdade, coisa que você nunca vai ser na vida, agora sai daqui, apenas saia.
O que mais poderia fazer? Saí. Sai e passei o dia de mal humor, despistei Roberto dizendo que estava com enxaqueca e ele acreditou, não falei mais com Felipe desde a manhã, e já era quase noite, eu tinha passado o dia inteiro na praia olhando o mar e sentindo um aperto estranho no peito, logo concluí que era raiva, e não conseguia parar de pensar em Felipe e aquilo estava me dando nos nervos, queria voltar para meu quarto, mas me amedrontava a ideia de cruzar com ele naquela casa. Mas já estava ficando frio e eu estava ficando com sede, tomei coragem de voltar para a casa e encarar aquele puto.
Mal sabia eu o que estava esperando lá, antes tivesse entrado no mar e respirado água até me afogar.
Ao chegar dentro de casa, entrei de fininho sem fazer muito barulho, dava passos leves no piso de madeira, peguei um copo de água bem gelado e resolvi subir para meu quarto, deveria estar passando algo de interessante na TV, Roberto ainda não tinha voltado de sua reunião e não havia nem sinal de Felipe. Subi as escadas tomando um longo gole de água, já estava quase na porta de meu quarto, mas ouvi sons de risadas conhecidas, uma era de Felipe, isso eu consegui identificar, mas a outra... Eu sabia que era de alguém conhecido, mas não sabia exatamente quem, era uma voz feminina que me fez pulsar automaticamente, mas quem?
Andei com a ponta de meus pés e fui até a varanda da casa, a porta estava entre aberta, era para ser só uma espiadinha...

Parecia uma daquelas cenas de filme da Disney, sabe? Felipe e uma garota de cabelos longos, escuros e ondulados pareciam os protagonistas, não conseguia ver seu rosto que estava bem apoiado no peito dele. Os dois estavam rindo e sorrindo rodando na varanda com aquela luz de fim de tarde misturada com a da lâmpada amarela sobre eles. Ele sussurrava alguma coisa em seu ouvido e ela só ria e seu riso me incomodava cada vez mais.Sem qualquer aviso eles pararam e ela, ainda com seu cabelo sobre o rosto segurou o dele com as duas mãos. Como eu senti inveja dela! Então, ele afastou o cabelo dela e sorrio como se estivesse olhando para a coisa mais preciosa do mundo, eles iriam se beijar e eu não conseguia parar de olhar para ele, mas consegui desviar meus olhos para ver quem diabos era aquela garota... E eu simplesmente não consegui acreditar, repentinamente perdi as forças, estava quase desmaiando quando o copo de água gelado teve que cair em meu pé para eu voltar para a terra, eu não podia acreditar.
 Era ela.
— O que diabos você está fazendo aqui? — disse eu tremendo dos pés, que por sinal estavam sangrando, à cabeça. — Pode me explicar?
Era ela.
— Vocês... Se conhecem? — disse Felipe totalmente confuso olhando para seu rosto e para o meu.
Era ela.
— Quem é você? — foi a única coisa que saiu de sua boca naquele momento, mas não havia qualquer dúvida. Era ela.

domingo, 26 de maio de 2013

Na estrada morrendo jovem a cada dia



Quando atravessamos a cidade sem medo, desafiando qualquer perigo,
Eu sinto  que estou viva.
Freadas bruscas, pé no acelerador, oitenta, noventa, cem por hora. Viva rápido,
Porque eu sinto que estou viva.
As luzes dos faróis que iluminam e apagam meu rosto, os postes ao longe como se fossem estrelas, o vento frio e forte contra meu rosto,
Neste momento eu sinto que estou viva.

Desafiando para uma corrida qualquer um que para num sinal vermelho, sem cinto de segurança, apenas dirigindo,
E é maldita essa certeza de que sinto que estou viva.
Vamos correr rápido, eu quero, eu vou viver rápido, quero por alguns segundos que minha alma se desprenda de meu corpo,
O som alto me faz querer correr mais, e nesse momento minha alma volta para meu corpo,
E eu sinto que estou viva.
Nós vagamos lentamente pela cidade madrugada a fora, estacionamos em uma esquina qualquer, os vidros estão fechados e tudo é silêncio, o deserto de gente que não sei onde está, nós estamos ali e em algum momento cada um se desprende do lugar, tão só que está,
Tão só assim e sinto que estou viva.

Eu procuro uma estrada calma para chorar mansinho, ou uma pista rápida para extravasar minha raiva,
Um caminho longo para que possa ouvir meu CD favorito, quando se está feliz a gente sempre quer prolongar a jornada, ou estou cansada e só quero que o percurso acabe, ora, em todos esses momentos com gritos silenciosos e alegrias subliminares,
Eu ainda sinto que estou viva.
E a vida que corre tão depressa dentro deste carro se movimenta cada vez  que o sinal abre,
E eu fico feliz por sentir que estou viva, mas me entristeço por saber que estou morrendo jovem a cada dia,
Mas, mesmo com essa certeza, eu ainda consigo sorrir por saber que estou viva.

Olhares


Hoje acordei com os olhos diferentes, acho que eles estão mais bonitos, mais fortes, mais serenos e captadores.
Hoje, vejo o que não pude ver até ontem, é a poesia, ela está tomando conta de mim, independente de você compreender ou não, o vento frio que bate e transcende.
É sereno, é sereno, é sereno.
É o que vem com a chuva e molha até a alma, que faz brotar e florescer.
É vida, é vida, é vida.
Não entendeu ainda?
Pois então venha, eu posso te mostrar,
Basta que abra os olhos, mente e percepção.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Estrangeiros em solo sagrado




Estou apaixonada por uma garota que me seduz a medida que faz meu coração pulsar,
meus olhos a seguir e rejeitar qualquer que seja o pensamento que não seja o dela,
Que me prende a respiração e que me devora em beijos que fazem as luzes acenderem e apagarem,
que me queimam até a alma, que me encanta a cada passo, que passa e todo mundo acha graça,
Que fez meu peito se abrir outra vez, que me abraça com ternura e se insinua quando ninguém vê
Que me vê exatamente como eu a vejo, e que queima de desejo, que me devora com um olhar,
É só uma menina e me faz vibrar, me dilacera a alma de uma forma como jamais me ocorreu,
E em meio a tantos frisões e ciumes eu percebo que todo meu sorriso é teu.
Até o fim, 
Não, nem tanto tempo assim,
Até que eu o vejo.
Estou apaixonada por um homem que me prende em suas histórias e me faz querer mais,
Que me seduz de propósito e nem percebe o estrago que faz,
Que me faz pensar em coisas que eu nem sabia que queria mais,
Que me sufoca só de imaginar todos os momentos loucos que pode me propiciar,
Que devagarinho quer tomar-me a alma e como um artista me traduzir, como uma aranha, sua teia a esculpir,
Que fez meu peito sentir ânsia de tudo que eu sempre quis mas reprimi, que me convida e ao contrário de tudo,
simplesmente me faz querer aceitar, que me encanta com seu olhar, sua natureza de quem tem sonhos grandes e imortais, imorais,
Que se agrada quase que exatamente de tudo que eu vejo e aprecio, que me faz querer ficar e descobrir o porque quero,
É só um homem forasteiro e pouco compreendido, me encanta suas palavras ásperas que fazem muitos apavorar,
E em meio a tantos frisões e incógnitas eu percebo que meu sorriso pode ser dele também.
Não sei nem se até o começo,
Ou seja mais tempo do que isso, mais do que mereço,
Até que eu os vejo perdidos, recém-chegados dentro de mim,
Mas os recebo de portas abertas, espero logo saber qual dos dois irá ficar,
Mas a minha vontade agora, egoísta que só ela quer os dois para mim,
Não tenham medo, meu coração é um bom lugar, e cabem dois.
Meu peito é um solo sagrado e decidi que agora quero os abrigar.
Meu coração de certo é um solo sagrado, mas as vezes cabem dois.
E eis que confuso! Que feliz! Encontro hoje dentro de mim um par.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Manifesto Contra A Luz




As luzes estão todas mortas! Elas mal existem até serem vistas, 
As luzes da cidade morreram porque todos esqueceram de pagar a conta,
Porque o fogo da cana lá na usina queimaram os fios,
As luzes artificiais nem existem, é tudo nosso ego com medo de escuridão,
Morte as luzes estupidas que mal me deixam contemplar os verdadeiros luzeiros do céu,
Vamos ascender a luz das estrelas, por favor,
Antes que eu me lembre que elas também morreram a milhares de anos antes de minha mãe me dar a luz. Minha luz está se apagando a todo dia que passa, a cada passo no escuro que dou,
Mas não tenho medo da escuridão, ela é apenas o contrário da luz,
E a luz não existe, e o que existe então se tudo morreu?
Quem vai me ascender e me fazer acreditar no inverso?
Eu não sei, porque para mim toda e qualquer tipo de luz morreu.
Me faça ascender! Me faça ascender, eu suplico: por favor, me faça ascender!
Porque qualquer luz, dentro e fora de mim morreu.