Eu vi poesia onde muita gente não viu nada, talvez viu lixo, talvez viu clichê, mas eu vi poesia, e eu fiz mas, eu me apoderei dela, eu a reinventei, e tomei ela para mim, fiz disso parte da minha vida, muita gente ignora ou nem se quer sabe, mas existem diversos mundos na minha cabeça desde que eu tomei consciência disso a muito tempo, em uma infância que eu mal recordo, mas eu recordo de como o sol era amorosamente quente às cinco da manhã e de como as nuvens tomavam formas engraçadas que me faziam rir, e de como os postes da estrada noturna me pareciam estrelas e me fazia chorar, e do quão irônico é eu continuar me perdendo por tudo que é belo, e vez ou outra, falso.
Mas eu me tornei quem sou hoje através do mundo que inventei, de tudo que vivi em meus sonhos, de todas as ideias malucas que me fizeram rir enquanto ninguém entendia, das histórias que inventava nas aulas de matemática que nunca entendi, ou dos desenhos que nunca mostrei, das cicatrizes que eu oculto, das dores veladas e dos sorrisos frouxos, eu vi poesia em tudo que vivi e ninguém sabe e eu continuo vendo e as vezes penso que se um dia eu as rasgo, sairia tão colorido que ninguém no mundo poderia enxergar além de mim, e além de mim, quem há? Existe alguém que possa ler essas linhas, e pior, alguém que possa entender?
As vezes creio que não. Talvez em Babilônia, talvez em Yargo, Talvez em Rainin, talvez em lugar nenhum, talvez quando a sua voz me falou: vamos. Penso que aí sim, eu posso ir e ensinar a você um pouco de tudo que eu não sei.
E o que te configura?
- Izis Vieira, aquela que capturou a lua pra ela mesma.