E nas noites a insônia invade e reluz mais forte e mais brilhante
que o próprio sol e afasta a calma e gentil brisa da madrugada
que antes era meu manto sagrado e testemunha fiel das promessas
e dos sonhos ardentes e não-prometidos de amor real, que de todas
as formas se tenta esconder, calar, despedaçar, tripudiar, amassar, pisar,
chicotear, cuspir, bater e em fim, em seu último suspiro: MATAR, mas
ele não morre! Esse estúpido abundante, incondicional, imensurável,
interminável, eloqüente, apático, doente e fudido amor imbecil, que se nega
ao direito de morrer e quanto mais se tenta arrancar-lo ele diz "não conseguirás!
A sangue, ferro, fogo e lágrimas estou eu tatuado em seu coração, em tua alma!
aceita-me! Se por ventura lhe fazer mal, a culpa é tua que não cuidastes de mim,
sou nobre, tu que eis podre e fraca! Aceita-me!” E você diz não, mas sabes, ele
veio para o bem maior, de uma alma partida em duas que talvez nunca
se unirá.