[No início, meu peito era silêncio, mas então, do som veio a palavra: as canções de saudade]
Procurei constelações pelo céu e as encontrei em meu peito:
Todas as supernovas que explodem falam de ti. Asteroides vagueiam apressados na esperança de colidir em você, e eu não os julgo.
Buracos negros se dobram e se curvam em tempo e espaço, inventam quintas, sextas dimensões que me façam caminhar mais depressa para teu encontro. Plutão, coitado, nem se quer sabe se é planeta ou não, mas, sabe que quer te ver sorrir de novo, bem como eu quero.
Segundos sóis sozinhos tentam inutilmente aquecer seu lado da cama que tanto te aguarda, te espera, mas é tudo em vão. E nem todo o universo conspira a nosso favor! Vias Lácteas, tão malvadas, insistem em nos separar, se emendam em caminhos largos e densos de estrelas e nebulosas que me fazem até te ver, de longe, mas, que não me deixam alcançar tocar.
Mas, não tem nada não, se eu não posso viajar na velocidade do som, te busco e te desejo na velocidade da luz, rompo fronteiras, monto satélites, orbito em saudade ate poder te ver.
Não vai demorar. Há um big bang a ponto de explodir em mim. Mundos vão ruir, mas, outros virão deles também, e com eles, um jeito novo de medir o tempo. Serei senhora dele, e ele se congelará sob minhas ordens, sob essa desordem tonta de tanto te querer - Aflita e calma, por fim, chegará o dia, de tanto te ver.
Quantas órbitas desviaremos para enfim, te encontrar? Não sei.
Mas até lá, sem gravidade, me guio em direção da luz dos fragmentos de saudade que emanam em mim, do silêncio, que se tornam som, e na palavra, e mais do que na palavra, no ato de sentir a palavra saudade, da saudade que acabará justo quando meu mundo voltar a tocar o seu, como um feliz astronauta contando as maravilhosas do lado escuro da Lua após longa viagem, com o coração mansinho e vasto em alegra de voltar para a Terra, seu lar, doce, lar, o dia dessa migração? Não sei!
Mas tenho certo que: nebuloso é o futuro e exponencial é minha vontade.