Posso lembrar da forma como seus olhos brilhavam, ali, encostada naquela parede como quem quer nada, mas que pode causar turbulências cataclismáticas com apenas uma troca de olhar. Lembro-me como tua boca me chamava, como também posso me lembrar da forma como meu coração batia acelerado, descabido, pulsando euforicamente, pois, ele sabia o que queria e sabia que finalmente poderia, mas ainda havia aquele pequeno medo no fundo do estomago, não; eram borboletas batendo as asas desesperadamente. Elas também sabiam que podiam, mas, todos meus desejos, reprimidos e escondidos por anos estavam ali, indo embora como se nunca tivessem existido, como se tempo algum tivesse passado, como se não fossem anos, e sim segundos; como aqueles que antecederam o momento em que esperávamos e estava prestes a acabar.
Com toda a calma que a pressa permitia, me joguei em seus braços e te beijei com força, digo, até com certa violência, nossos corpos não se permitiam mais esperar qualquer segundo que fosse, e sua boca tocou a minha, e minha mão tocou sua nuca, e sua mão envolveu minha cintura de tal forma que o mundo ao redor nem existia mais, nem o risco de alguém nos ver, deve ter durado menos tempo do que eu me dava conta, para mim o tempo simplesmente tinha se congelado, até que abri meus olhos, e olhei pra você, vi como meu corpo inteiro tremia; exatamente como aconteceu na primeira vez que vi você, as mesmas faíscas voando, aquele mesmo sentimento que mal cabia em mim, que me transbordava.
Sorri meio de lado e te puxei para subir as escadas, amigos nos esperavam, e tudo voltara a seu devido eixo, sua boca na minha: nada melhor.
E minha orbita girava exatamente em seu lugar.
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