- É difícil né? Se deixar vulnerável - ela questionou.
Aquelas palavras me atingiram cheio, me romperam o peito e ao mesmo tempo, me encheram de vida, então, respondi:
Acho que é um dos maiores desafios da vida, e eu tô tentando vivenciar isso. Lembra que te disse isso no bar? Que tô cansada das capas que a gente inventa?
Eu quero ter a força pra chorar um dia na frente de alguém e admitir minha pequinês, minha ignorância, minha fragilidade, poder tremer de medo e espanto e admiração, sem temer ser julgada, sem ficar ponto 'se's e orgulho e tudo que a gente inventa pra não mostrar o que a gente quer.
Todos esses rodeios, eu queria jogar no lixo! E dar uns tapas em quem ensinou pra gente que isso que é o legal, essas defesas que só nos fecham, nos cercam e nos afastam ao ponto da gente nem se reconhecer... Sabe? Quem que nos colocou nesse jogo de espelhos e nos convenceu de que era convidativo o bastante pra gente querer ficar nele? Quem foi o filho da puta? Eu quero chamar o miserável pra meia hora de soco, e dizer que sou feita de água e que não me nego fluidos:
Nem de gozo, nem saliva, nem de choro! Nem de glória, de nada! E que eu quero ir aonde dizem que é deselegante, mas que pra mim é confortável o bastante pra ser real.
É isso que eu quero. E eu sei que você se sente igual.
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