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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Vitória


Vitoria que veio com o vento, de todos os seus beijos, nenhum foi de amor.
Vitoria que em uma noite rasguei a pele, me embriaguei na carne, contei segredos, morri de amor.
Vitoria que foi minha derrota, me nocauteou os nervos, me ensandeceu a libido, e quis fazer amor,
Vitória que não entendia a urgência que minha mão sentia a desvelar cada centímetro teu.
Vitoria que me falou da vida, é antagonista do que finge que viveu.
Vitoria que jura ao deus que não acredita que apesar de tudo é santa, e que vende a alma que já perdeu.
Vitória de alma solta que num passo lento, pela minha vida tão rápido passou.
Vitória se ao menos soubesses que em uma noite fostes tudo que eu quis ter.
Vitória, poderei eu Vitória um dia amar você?
Vitória que como uma pedra num rio marcou minha vida mesmo que não possa transparecer,
Vitória, sei que minha alma treme com cada deslumbre de que possas me pertencer.
Vitória, por ti meu amor sempre será platônico, porque sei que tu eres como vento,
E o vento não foi feito para pertencer e nem e permanecer.
Pois, sobre Vitória, só sei que o mesmo vento que a trouxe foi aquele que me tirou:
Sua alma suja, Vitória.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O buraco do mundo

O problema são as noites em que eu não sei o que fazer, eu sei que dói, dói viver em mundo marcado e feio, onde somos meros joguetes feitos para acabar, ilusionados achando que podemos ser alguma coisa, mas céus, como somos pequenos! Precisamos de união para sermos grandes, se é que ela existe, se é que podemos.
O que me dá raiva é saber que tem tanta gente reclamando do que tem quando alguns não tem nada, e você liga a tv e vê gente morrendo, morrendo por Deus, que Deus é esse que mata? Que mundo cheio de oportunidades é esse que esmaga todo mundo que tenta pensar, que pequeno universo é esse governado por gente pequena, mesquinha e egoísta que não dá as caras?
Eu não consigo ser totalmente feliz sabendo que tem tanta gente sofrendo enquanto eu estou tendo uma boa noite de sono, não por eu ter mais que muitos, mas, porque eu sei que muitos deveriam ter o mesmo, ou mais que eu.
O que dói é saber da existência do buraco do mundo, é minha consciência universal que sabe e me diz que tenho que ser mais e fazer algo que valha a pena, e eu só não sei o que fazer, porque eu sei o que me comove, só não sei como me mover.
E sigo inconformadamente inconformada até descobrir.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Eu e o mar

Sobre o mar eu sei da calma.
Sei que nele, tudo que vai um dia volta.
Sei um pouco do mar e da alma.
Da onda que bate lento e repetidamente,
Que não cansa nem desiste, que vence
E vence pela insistência e presença,
Não pela força.
Sobre o mar eu sei que as cores mudam
De Maceió, Aracaju ou Tulum, não é o mesmo mar.
Também não sou eu a mesma que adentra nele,
Que pede proteção, sei também que fui feita para acabar,
E que o mar que viu tantas juras de amor viu alguns deles morrerem,
Morrerem afogados também.
Sei que para chegar nele existem várias rotas,
E todas elas levam a meu coração,
Seja inverno ou verão,  eu vou amar o mar.
Vou contemplar e desaguar quando preciso for,
E que nessas vida eu só seja condenada a morrer de amor,
Indo e voltando como quem persegue o mar.
Com o desejo de quem para ele ainda não voltou.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Sobre mim, sobre eles, sobre eles em mim




Mulheres.
Nós idealizamos demais. Quase sempre buscamos por aquele cara bonito, cheiroso, com barba por fazer e bem vestido que aparece nos clipes indie que embalam nossas tardes com as amigas ou noites solitárias com um bom vinho na boca, sonhamos com aquele homem de olhar penetrante e convites sinuosos, nosso inconsciente almeja encontrar, esbarrar por aí um dia com James Dean em seu blue jeans e camisa branca, e mesmo que não seja assim, a gente busca, a gente caça, a gente procura por perfeição.
Mas, é tudo um ato!
Então, um dia a gente cansa de procurar, se distrai e conhece alguém, e quem diria! Ele te lembra muito os príncipes da Disney que a gente via na infância. Ele tem um sorriso encantador, um charme natural que te hipnotiza e é romântico, é educado e tem tudo que sua mãe gostaria de ter em um genro, e faz tudo o que você gostaria que um homem fizesse. Ele é seu primeiro amor e você não pode se sentir mais confortável que isso, planeja uma vida inteira de planos a dois, não é difícil desejar um futuro ao lado dele e é exatamente isso que você quer por um bom tempo... Até você perceber que quer algo mais.
A gente precisa de amor, mas, só queremos o perigo.
Então, a gente encontra o perigo!
Aquele cara que te desnuda com um olhar e toda sua autoconfiança, que sabe de tudo e tem todas as respostas na ponta da língua, e por um tempo esse relacionamento "quebra de braço" é bem instigante, mas, logo você cansa.
Cadê a calmaria do primeiro amor?
Ela nunca vai voltar. Você não quer de volta também, mas, vai sentir falta, ah, vai!
E nesse momento você cansa dos extremos (mesmo sabendo que eles fazem parte de você) e deseja algo comum, trivial como você vê que seus amigos tem, como qualquer casal nas ruas e não demora muito para encontrar, e você quase aceita isso: andar de mãos dadas, ter um carro do ano, filhos, é tentador! Você quase se rende ao convencional, mas algo dentro de você grita e você se apavora!
Porque no fundo você sabe, ainda há tanto a se viver, e você quer de tudo um pouco ter, menos a falsa normalidade.
Afinal, olhando de perto ela nem mesmo existe.
Então, você escuta a voz que sempre falou dentro de você, você quer ser livre, e você faz tudo que pode para se libertar, em pouco tempo está voando e descobrindo lugares e olhares que você nem sabia que existia, você começa a conhecer o mundo e se apaixonar por ele, e depois disso tudo você nunca mais será a mesma, e no meio de tantas descobertas você descobre ele. Não, o mundo nunca mais seria igual.
Você se sente profundamente a vontade com aquele total estranho que dança tão bem e em pouco tempo estão viajando para lugares que ambos nunca tinham ido antes, você se deslumbra com a paisagem e com a doce disposição daquele lindo rapaz que fala em outro idioma e as vezes rápido demais para que você entenda, mas você presta atenção em tudo, naquele sorriso, naquele olhar, você imagina até como é o calor das mãos deles. Curiosidade.
Ele começa a se desvendar um pouco e conta tudo que viveu em outros continentes, em um universo paralelo que você nem existia, que na verdade nem ele de agora existia também, você se sente empolgada e fala um pouco do tudo que já passou, conta o que sobre o seu país que ele não conhece, e sua terra, para os olhos daquele lindo estrangeiro, é um lugar estranho e desconhecido, é uma possibilidade de belezas e aventuras, justamente como é a terra natal dele a você, que em pouco tempo se torna a terra do seu coração, você se acostuma aos sabores, as paisagens e as cores do novo mundo que se abrira para você, que seria sua casa pelos próprios meses, e você nem tem ideia de tudo o que iria viver.
E se eu te contasse, você teria pego aquele avião?
Mas, isto é sobre um futuro que você nem sabe que existiria. Eu falo do presente, e seu presente está se ligando cada vez mais àqueles olhos e braços, ao mundo compartilhado que ambos estão construindo e fluindo e não demora muito para um 'eu te amo' sair de sua boca, e depois de algum tempo, você escuta este mesmo som sair da boca dele também.
Isso realmente está acontecendo?
Não demora muito para você saber que sim e aceitar e viver o máximo que pode, cada segundo com toda a intensidade que sempre esteve lá em você, e você está feliz em deixar tudo transbordar. Você é feliz e sabe disso.
Então você escuta outra vez aquela voz de liberdade, mas você não quer ser livre sozinha!
Você lembra de tudo que viveu e agradece por ter chegado até ali, e quando não espera encontra alguém com os mesmos anseios que você, a mesma liberdade. E você quer, mesmo sabendo que não foi feito pra durar.
Mas que dure! Ele tem o mundo na bagagem  e sonhos bonitos no coração, você viaja enquanto o ouve contar de
Mas você tem uma passagem e um avião te esperando, uma vida e um adeus inaudiável, mas, tudo que você quer é um até logo. Nunca seria a mesma.
A princípio você sente dor além de vontade de ficar, o avião ganha altura e você vê tudo ficando pequeno lá fora e gigante dentro de você, você chora e se desespera, mas não, não há o que fazer. Você vai querer aqueles olhos  selvagens te olhando novamente, mas não os verá, vai se sentir livre e tentará encontrar um certo conforto em sua alma ao pensar "eu ainda sou livre, eu ainda sou eu, isso não vai me matar. Amor é liberdade".
Mas, você está cega demais para lembrar disso porque você tem apego, raiva das circunstâncias, vontade de voltar o tempo, de tê-lo de volta e mais, e mais e mais... E você beija outro rapaz e sente que foi cedo demais, e ele diz que conheceu uma nova garota.
E mesmo assim as noites serão difíceis por um bom tempo para os dois, e poucas vezes será admitido por ambos a dor de sentir a ausência da presença desse amor.
Ele vai dizer que sente tanto como você, mas, você é mulher, regida pela lua e aflorada desde nascença, já acha natural que você sofra um pouquinho mais. Vai sentir falta dele como as estrelas vão sentir falta do sol nos céus da manhã, mas você vai continuar, porque nenhuma dor te rasga pra sempre, o que fica é o amor e tudo que você aprendeu com eles, o que você aprendeu com ele.
Obrigada a todos, e a ele. A ele eu digo que não espero, mas desejo muito, enquanto este querer seja mutuo um "te encontro algum dia nas ruas do mundo", e neste dia, ah, neste dia eu sei o quanto serei minha para então ser tua.