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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Alice em 2 partes: Zero: A Viagem Fodida


Início de Outubro do ano anterior.

Esperei anos da minha vida para estar nesse lugar, mas na verdade, agora, desejaria nunca ter vindo, era meu sonho... Tornou-se meu maior pesadelo. Eu estava no farol, era noite e as ondas batiam com violência nas pedras, eu achava estranho as ondas baterem em pedras antes de bater na areia, o frio salgado que fazia naquele lugar solitário, eu estranhava até as voltas que a luz do farol dava no mar, como ela se perdia no oceano, era tudo tão deserto, mal podia acreditar que poderia existir vida além mar, e que boa parte da minha tinha ido com ele. Eu não sabia o que fazer, eu nunca imaginara estar ali naquela situação,  a solidão dói em noites frias de primavera, numa cidade que mais parecia verão, era uma mistura de frio e calor, do calor que saia de minha alma e do frio que assentava em meu corpo, eu me apertava cada vez mais, e chorava copiosamente na ausência de qualquer testemunha, ao menos era isso que eu pensava até então.

— Com licença, pode achar que é um completo atrevimento de minha parte, mas te vi sozinha de longe e achei um pecado isso, nesse cenário, se não te incomodar, eu poderia te fazer companhia? — disse uma voz, mas não era a que eu queria, era uma voz masculina e forte, ouvi mas não me virei, não queria ninguém ali, e muito menos que ele visse minhas lágrimas, mas minha voz trêmula era algo realmente denunciador.
— Me incomodo, estou bem sozinha. — disse eu com a maior firmeza que concebi.
— Desculpe minha insistência, mas esse lugar não costuma ser muito seguro a essa hora, e sei que pode não acreditar em mim, sou um estranho, mas não quero te fazer mal, me sentiria péssimo em deixar uma jovem tão linda aqui sozinha... Posso ao menos te oferecer uma carona?
Aquele homem era insistente e não parava de falar coisas gentis, isso não seria um problema, mas eu estava péssima e eu queria ouvir tudo aquilo, mas não daquele senhor, então fui o mais franca possível, virei-me e comecei a falar, já não me continha nem escondia lágrima alguma:
— Não aceito carona, e sim estou sozinha aqui, e não me importo se acontecer alguma coisa comigo!
— Você... — Ele fez um momento de pausa e ficou me olhando, eu não sabia exatamente o que ele pensou, mas ele tirou seu casaco e me deu naquele momento e me abraço — Está tremendo de frio! Por favor, se quiser pode sentar comigo aqui, ou em outro lugar e conversaremos, mas não vou te deixar sozinha, e muito menos chorando desse jeito!
— Você nunca entenderia! E eu não quero falar disso com o senhor! — Disse eu me afundando naquele casaco macio que quase me aquecia, eu não sentia medo dele, e ao que parecia todas suas energias estavam concentradas em mim.
— Deixe-me ao menos te levar para casa, não te farei mal, te dou minha palavra.
— Não tenho para onde ir. — disse eu com um embargo absoluto.
— Como? Onde está sua família? De onde você é?
— Sou de uma cidade pequena bem distante daqui, tenho mãe e irmãs, mas não tenho para onde voltar... — coloquei a mão na cabeça e me abracei, mal percebi quando escorreguei até o chão enquanto falava — O senhor nunca entenderia! Eu estou aqui e larguei tudo, não tenho para onde voltar, e eu esperava que alguém estivesse aqui por mim... Mas, não está! — Eu olhava para o mar e chorava mais ainda, a respiração falhava, tudo doía.
— Você veio ver alguém e essa pessoa não veio a seu encontro? É isso. — concluiu ele enquanto tentava me levantar e me confortava num abraço tão acolhedor que mal percebi que já estava em volta de seus braços.
— Sim. É isso. — Respondi enquanto respirava profundamente o aroma de seu casaco, cheirava a perfume importado, dos bons, daqueles que a gente acha que só verá em filmes.
— Conte-me tudo sobre. — disse ele enquanto afagava meus cabelos.
— Eu nunca vi o mar antes, de onde eu vim não tem mar... E eu sempre quis estar aqui, e estar aqui com alguém, e essa pessoa não está aqui porque fez o que qualquer outra pessoa faria: iria embora.
— Mas você não foi. — disse calmamente.
— Não, não fui. — disse eu tentando controlar a respiração.
— Isso mostra que você não é qualquer pessoa. — disse ele olhando em meus olhos.
— Isso mostra o quão idiota eu sou. — disse eu fazendo brotar um sorriso irônico entre meus lábios.
— Isso mostra que essa pessoa é um idiota, porque deixou uma garota linda como você para trás e fez o que qualquer um faria, posso te dizer uma coisa? Eu não faria o que qualquer um faria.
Isso realmente me fez rir.
— E o que o senhor faria?
Ele me olhou por uns dois minutos com ar de curiosidade, então me soltou e começou a falar:
— Ainda não tive o prazer de me apresentar, meu nome é Roberto, e eu fiquei intrigado ao ver sua silhueta de longe, e totalmente encantado quando vi seu rosto... Mas fiquei totalmente fascinado por você quando começou a falar, ora, você aparenta ser tão jovem, mas tem um brilho no olhar que parece se apagar aos poucos, e ao mesmo tempo é a pessoa mais enigmática que eu já conheci, eu não consigo te ler, e olha, sou bom com essas coisas.
Eu não esperava por isso.
— Não estou entendendo senhor...
— Não me chame de senhor, me chame de Roberto, e eu poderia ficar aqui falando coisas ou simplesmente ter ignorado tudo isso e ido para minha casa, mas algo me fez ficar, e eu sei que você pode em chamar de louco ou de tarado, mas eu preciso te fazer uma proposta e espero que você a veja com os bons olhos que eu vejo, me permite te perguntar algo? Se não, prometo te deixar em paz, e sou um homem de palavra.
— Não tenho nada a perder.
— Excelente, era isso que queria ouvir, bem não sei quem ou porque motivo, alguém que deveria estar aqui não está, mas eu estou, e eu quero você para mim... — engoli a seco suas palavras pretenciosas que soavam com uma calma confortante — Não, não se assuste! Eu quero que seja minha mulher, que esqueça tudo que te trouxe até aqui, porque você, de alguma forma estranha veio aqui para me encontrar e eu também, e eu quero te conquistar, isso é um jogo pequena, e eu tenho regras: me dê uma semana.
— Não estou entendendo se- ... Roberto. — Não conseguia compreender, mas ao mesmo tempo eu não sentia medo algum e tinha que admitir, ele foi a melhor coisa que me aconteceu até então.
— Eu vou te conquistar em uma semana, se você se apaixonar por mim, como eu estou me apaixonando por você, você terá tudo o que sonhar e eu puder te dar, e acredite; não é pouco! Mas não quero que você fique comigo pelo meu dinheiro somente, uma semana, pequena, se não se sentires a vontade, se não sentires o mesmo te levo para onde você quiser e te deixo em paz, mas, você precisa me responder agora, aceita?
Meu coração disparou e eu pensei em todos os motivos que me levaram aquele farol, como eu estava totalmente perdida e sem ter para onde ir, e sobre tudo, naquele homem encantador que me oferecia o mundo quando alguém que era meu mundo simplesmente me despedaçou. Não havia o que pensar, ou qualquer arrependimento.
— Sim.
— Ótimo! — disse ele sorrindo e batendo as mãos levemente enquanto molhava os lábios, te levarei para um hotel, mas não se preocupe, não acompanharei, tenho uma semana! Vou usá-la com sabedoria, mas diga-me, o que aconteceu com essa pessoa e você?
— Você disse que queria que eu esquecesse tudo que aconteceu até aqui, não foi isso? Então, é exatamente isso que vou fazer, e mais, tenho uma regra: você nunca vai me obrigar a fazer nada que eu não queira, e isso inclui não falar de nada que eu queira esquecer.
Ele sorriu e concordou com a cabeça, apoiou suas mãos em meus ombros e falou com satisfação:
— Você é incrível, pequena! Mas vamos! Está ficando muito frio, vamos para meu carro, te deixarei no hotel e amanhã te acompanharei até algum lugar interessante.
— Tudo bem. — me resumi a dizer apenas isso, quanto mais me resumia, mais curioso ele ficava.
Caminhamos um pouco em direção a sue luxuoso carro, o silêncio da noite foi irrompido por sua voz forte e protetora, ele fava empolgadamente sobre os planos de amanhã, e depois, e depois, e depois... Quando paramos em frente a seu carro ele deu uma pausa e falou antes de abrir a porta para mim:
— Só preciso saber de mais uma coisa... Qual seu nome?
Não fazia sentido falar a verdade, meu passado já não me pertencia, então, achei coerente ter um novo nome, uma nova idade, e pouquíssimas coisas eu levaria para essa nova vida, que mal sabia ele, eu já aceitara viver, sorri e sussurrei em seu ouvido:
— Alice.
Ele beijou minha mão com satisfação, abriu a porta do carro e falou:
— Bem vinda ao meu mundo, Alice, uma linda vida espera por nós, não tenho dúvida que conseguirei você.
Ele realmente tinha conseguido Alice, mas ninguém, por mais esforço que fizesse alcançaria quem eu fui, qual era meu nome? Isso não importa, de agora em diante sou Alice, e vou ter tudo que eu posso ter, este homem entrou em minha vida como um anjo, e literalmente me abriu as portas do paraíso.
Me levou ao hotel mais caro da cidade, levou-me a suíte presidencial, até a porta, sorriu e me despiu com os olhos, com força e ao mesmo tempo delicadeza, como uma criança olha para seu novo brinquedo de natal, aquele, que ela esperou um ano para ganhar, Beijou-me a testa, a face e me deu um breve beijo, um beijo não, foi mais um leve tocar de lábios, senti o gosto de cigarro em sua boca, acariciei seu rosto e ele se afastou.
— Até amanhã, minha pequena Alice. Até amanhã!
Fechou a porta com satisfação e saiu, eu deitei naquela cama enorme e macia e desabei em prantos, mas, eu tinha certeza, seria a ultima vez que eu choraria na vida, por aquele motivo.



CONTINUA.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Alice em 2 partes: Primeira: Pai e Filho

Conheci Roberto no Outubro passado, e Deus, não há no mundo ninguém melhor que ele, nunca, nunca conheci um homem tão bom para mim, que me tratasse tão bem, ele definitivamente me salvou daquela viagem fodida que tinha acabado com boa parte do que ainda tinha em mim, da minha inocência .. Mas não vou falar sobre isso aqui... Não! Estou aqui para falar que Roberto, como um anjo caído do céu entrou em minha vida.
Ele e seus cabelos grisalhos repicadinhos e bem baixos, aquele sorriso perfeito, era muito fácil querer estar com ele, um homem tão generoso, sempre disposto a abrir sua carteira, como o fez com seu coração, viagens, cursos, roupas, eu não me constrangia  era natural, ele queria uma mulher à sua altura, que troca-se um pouco mais do que vinte palavras com seus amigos, e seus amigos me comiam com os olhos, embora todos respeitassem o meu Roberto, eles diziam "Rob, ela poderia ser sua filha!" e ele respondia "mas, olhe para ela, ela é!", então ele me colocava no colo e acariciava minhas coxas, todos riam... Menos eu. Roberto mal sabia o quanto ele parecia com meu pai nesse aspecto... Mas, essa é outra lembrança que eu fazia questão de esquecer... 
Afinal, o velho já tinha batido as botas a muitos anos, em brigas de bares nem sempre os envolvidos voltam para casa... Vivos! Mas, vamos esquecer disso, okay? Roberto, ah, Roberto, definitivamente eu estava confortável com ele, e ele se divertia muito comigo também, ficou surpreso com a quantidade de coisas que eu já sabia, mesmo aos dezessete, levávamos uma boa vida, naturalmente Roberto era casado e eu morava em um flat muito bem localizado no centro da cidade, ele me visitava regularmente, mas morava com a esposa, e eu com tudo o que uma mulher possa querer ter na vida, e o melhor: a minha solidão, poucas pessoas a apreciavam como eu.
Luxo, conforto, um homem que lambia o chão que eu pisava... O que mais eu iria querer?
Ah, mulheres! Nunca satisfeitas, claro que eu queria mais alguma coisa: Felipe. 
Conheci Felipe porque ele estava onde não deveria estar, ou eu e Roberto não deveríamos estar, ou eu estava exatamente onde iria querer estar, só não sabia ainda. Roberto e eu costumávamos passar as manhãs de sábado numa praia privada ao leste da capital, local impecável, uma casa de madeira luxuosa, um cenário paradisíaco, não havia uma única nuvem no céu, os pássaros voavam ao longe e o único som que eu ouvia era o das ondas quebrando na praia. Um paraíso, mas que no inicio me pareceu mais um inferno.
Estava recebendo uma massagem de Roberto quando escuto a voz de um homem esbravejando um "o que significa isso?", então, Roberto soltou minhas costas, levantou-se e respondeu gaguejando "e-eu, eu posso explicar, filho".
Filho. Roberto nunca tinha mencionado que tinha um filho! Levantei a cabeça para ver quem era aquele homem tão irritado e tive que segurar meu queixo para ele não ir ao chão. 
Felipe não parecia em nada com o pai, embora os dois tivessem exatamente o mesmo ar charmoso, só nisso eles pareciam, Felipe tinha a pele bem mais clara, cabelos bem pretos e cheios, meio ondulados, embora curtos como os do pai, um liso bagunçado que dava vontade de puxar, e puxar com força, seus olhos eram tão azuis quanto as águas daquele mar, sentia minha pele sendo arranhada levemente só de ver sua barba fininha, falhada, braços relativamente fortes, sua tatuagem que cobria completamente seu braço direito e aquela boca rosada que proferia mais palavras do que eu poderia acompanhar naquele momento, e nenhuma delas era agradável, eu tinha certeza.
Roberto puxou Felipe para um canto para conversar a parte e eu coloquei de volta a parte de cima do meu biquíni, vesti minha blusa, eu estava me preparando para a guerra, eu finalmente tinha a vida que eu sempre quis, não seria esse moleque - por mais gostoso que fosse- que iria acabar com minha paz, a, não mesmo! 
Eu estava pronta para usar qualquer argumento para convencê-lo, quando os dois voltaram, muito mais calmos, eu esperava sentada ainda na praia, pensando no que falar e simplesmente não tendo sucesso, mas, para a minha surpresa eles voltam calmos, bem calmos por sinal, Roberto dá um sorriso tenso e começa:
— Conversei com ele, está tudo resolvido, aliais, Alice, este é Felipe, meu único filho, ele estava concluindo seus estudos fora do país, ele não vai falar nada para Marlene, o fiz entender que essas coisas são naturais na vida de um homem, um dia ele também passará por isso. —  completa dando dois tapinhas nas costas do filho que não me olhava com qualquer cordialidade.
— Prazer em conhecê-la, Alice, como meu pai disse, não contarei nada para mamãe.
Ele me fuzilava com os olhos, e eu não o culpo, embora eu tinha consciência que tinha que fazer algo, o que fosse, as coisas não ficariam assim.
A noite chegou arrastada, oras, não me sentia confortável com aquilo tudo, nem Roberto, mas ele logo adormeceu e eu levantei com as pontas do pé, atravessei aquele quarto imenso e fechei aquela porta de madeira pesada com a maior sutileza que consegui e fui caminhando, fui vasculhando de quarto em quarto até encontrá-lo, quase esqueci o porque tinha ido até ali, era um anjo dormindo, ou, o mais parecido que eu iria chegar a ver de um anjo na vida. 
Fechei a porta cuidadosamente e fiquei ali, parada encostada a porta pensando no que fazer, ouvindo o barulho do mar e sua respiração profunda, não resisti muito tempo e fui em sua direção, precisava tocar aquele rosto, não sabia onde estava a minha cabeça, e nem ao menos queria saber, mas, quando cheguei a centímetros de seu rosto ele acorda e segura minha mão com força.
— O que você está fazendo aqui, vadia?

CONTINUA.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Primeiras Impressões



Ao te perceber acabei compreendendo mais de mim num curto espaço de tempo que pouca gente poderia entender, mas vamos começar falando de você:
"Gostei do teu charme e do seu groove", poderia ser o que me chamou atenção a priori, talvez, nunca bato o olho de pessoas, estéticas comuns, não é isso que me chama, e é necessário muito mais que isso para me prender, eu busco um brilho no olhar, uma história, uma fascinação, oras, não sou como qualquer uma, logo, busco os raros, e quando os encontro não os deixo sair, ah, não! Não até eu poder captar um pouco do que me fez parar e perguntar "tem lugar pra mim?", mas, comecemos falando de você:
O que poderia dizer? Não é comum encontrar alguém realmente interessante por aqui, um homem com conteúdo, e ainda mais com essa assombrosa pouca idade, mas com todos esses anos nas costas, e as experiências que ainda almejo viver e que já são tão tuas, as línguas que aprendeu, os países que conheceu, até a grande teia de aranha que te fez chegar até aqui, até a mim, poucos podem entender.
A dualidade da tua existência, as marcas de seu corpo que mostram tão claramente o que quer e o que não quer, suas opiniões fortes e sua sagacidade, falando de coisas que posso até não concordar, mas, vou ouvir até o fim, porque bom mesmo é te ouvir falar, devagar, delirar em conversas enormes de horas que parecem minutos, de sorrir falando e falando e falando, e pensando que poderia falar sempre, não sei.
Sei que posso saber bem mais, e ouvir bem mais do que 20 mil palavras vinda de sua boca, meus ouvidos querem beber todas as frases e contextos, evidenciando as vírgulas, as reticencias, mas está muito longe de um ponto final, nem começou; sei, que quero entender mais do que estar segura dentro da fortaleza de teus braços, e até conhecer a prisão consentida de tuas pernas, sentir de par em par, teu impar, formando dois em um, mas sendo sempre dois, entender um pouco mais desse calor frio que me ponho a imaginar.
Não sei, mas, há bem mais vontade de beber do som da tua voz do que a cede de quem está no deserto, quero percorrer com os dedos tuas tatuagens e ouvir mais sobre suas histórias e pontos de vista, e rir dos diálogos que construímos e refazemos a todo tempo, subir bem alto e ver a paisagem daquele lugar, ou não ver nada, mas desfrutar a companhia de alguém que a muito não sabia que poderia existir, que ainda tenho tanto a conhecer, tanto a aprender... Sei que me apaixono forte, rápido e violentamente, mas sei também que quando me disponho e perceber alguém raro não paro antes de encontrar, "me conte um segredo?", poderias me dizer, e sabe o que eu poderia gritar sussurrando eu seu ouvido? "eu quero ficar!".
Sei, que ainda não sei escrever sobre você, e sabe que isso é uma das coisas mais belas que posso sentir? E nessa busca, para bem dizer, posso até saber um pouco mais de mim, então chego a concluir que este escrito não é sobre você, mas sobre você em mim, que mal chegou e já tem tudo para ficar.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Reconheço-me

Você sempre está tão apaixonada por tudo de uma forma que eu nunca sei se você já amou algo de verdade.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Do começo ao fim

Nos idealizamos, nos apaixonamos, descobrimos quem realmente éramos, acabamos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Enquanto Ela Espera



E aquela senhora que espera para atravessar a rua?
Os carros sempre tão rápidos, ela, já tão lenta pela idade, espera,

Mas um dia já correu, quem sabe até para encontrar alguém do outro lado,
Um amor platônico, um grande amigo, um beijo de namorado, não sei... 
Que sonhos a aguardavam do outro lado? Hoje, ela só espera!

Será que ela consegue se lembra de quando caminhava apressada para não esfriar o pão?
Ou quando ia pra aula atrasada e mal sabia o que cairia na prova de matemática, será que ela lembra a sensação? Não sei! Hoje, ela só espera,

Com a paciência de quem muito viveu e por isso, o tempo castigou, mas, quantas histórias existem por trás daquelas rugas? Não consigo decifrar, ela só espera...

Os carros passam, lentos, rápidos, conversíveis e caminhões, passam e ela ainda está lá a esperar,
Ninguém para ajudar, ou mesmo um  guarda de transito, eles nunca estão quando a gente precisa, mas mesmo assim a gente espera,

Talvez a vida seja como essa senhora, um ir e vir de carros sem contra-mão, e você tenha que esperar o momento certo para atravessar,
Um motorista camarada para ceder preferência, talvez ela espere isso enquanto espera,

Talvez ela se dê conta disso enquanto espera, ou ela simplesmente goste de esperar, sentir o vento misturado com gás carbônico, o som das dez da manhã, ou até se arrisque em atravessar, se jogando entre os carros... Mas, só em pensamento, a verdade é que ela só espera,

Talvez ela só quisesse atravessar a rua, atravessar a vida, conhecer o outro lado, talvez ela, em outrora não quisesse mais esperar, mas o que se sabe, hoje, é que ela só espera,
Será que ela parou de sonhar? Ela só espera...

Ora, claro que ela ainda sonha! Porque não sonharia? Sonha enquanto espera.
O semáforo fechou, hora de passar.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Assombra-me!



Conte-me um pouco do que você nunca quis que alguém soubesse, vamos! Assuste-me!
Conte-me um pouco de você, como ninguém mais no mundo pode,
Ou vai querer saber, tirando todas as mascaras, mostrando-me todas tuas marcas,
Serias capaz de me encantar? Me mostraria um lindo sonho essa noite?
Meu bem, faça-me temer, e mesmo assim não querer sair de perto de ti;
Meu amor, és o que tenho de melhor e mais nefasto,
O mais cálido e corrompido amor que carrego dentro de mim.
Você é sonho e pesadelo enquanto finge não o ser, e é tudo que eu quero conhecer.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

E se ela pudesse me ouvir?




Eu tenho sentido saudade dela. Muita. Mesmo que eu não demonstre, disfarce o suficiente para que ela não perceba quando nos vemos na rua e nos abraçamos rápido... Rápido... Mas, forte o suficiente para eu sentir cada batida do seu coração que se mistura ao meu, enquanto ela se esconde por medo, no que isso se tornou? Eu não posso culpa-la por fugir ter medo, ela fez outras escolhas, como eu também fiz, e eu também fugi quando a única coisa que eu deveria ter feito era ter dito sim ao meu coração, não ter soltado da tua mão.
Mas, eu espero que ela também não me culpe por ter tido medo, de ter me assustado ao ter me visto tão feliz, eu estava finalizando uma longa etapa da minha vida, me desapegando de algo que eu tinha construído por muito tempo, e me acomodei a tudo que tinha vivido... Eu tive medo do novo, era assustador amar tão rapidamente, quando eu nem tinha consciência do que iria acontecer, no que estava acontecendo, foram escolhas minhas, eu sei, e hoje eu sei o quanto esse medo me custou, e eu vejo você errando também, mas você vai ter seu tempo para acertar, não sei se algum fragmento de mim ainda estará dentro de você nesse dia, ou se eu mesma vou conseguir esperar, eu não sei, mas eu sei que de alguma forma inexplicável eu gostaria que você lesse essas coisas que eu escrevi sobre você, mesmo morrendo de medo que esse dia chegue, eu queria que você soubesse que é a garota mais incrível que eu já conheci na minha vida, que eu conheço a tantos anos, e que a vida me pregou uma peça me fazendo te amar assim, quando eu menos esperava.
Eu queria mesmo, muito, que você, mesmo se fazendo de tão dura, derretesse ao saber que tem os olhos verdes mais lindos do mundo, e se eu não os tivesse visto tão de perto nos últimos meses, eu ainda juraria que eles eram azuis, que você mais do que ninguém me ajudou a passar pela fase mais complicada da minha vida, e que me ajudou a deixar as coisas tão leves que não existem possibilidades de serem esquecidas, e sobre todas as coisas, que eu me arrependo te não ter te ligado depois do nosso primeiro beijo, e que eu também me arrependo de não ter te dito o quanto eu estava feliz quando dormi em seus braços pela primeira vez, que eu sou desligada demais e covarde para algumas coisas, mas com você aprendi a ter coragem, e não me arrependo te do nosso ultimo beijo, e que por Deus, que não seja o ultimo! Você sabe que não é, você mesma me disse que não seria.
Eu espero, do fundo do meu coração, que eu possa me apaixonar mais e mais por você, e que haja tempo para nós, tão doces como aquelas que passávamos junto a meus amigos, ou gastando o tempo juntas em meu quarto, ou até mesmo quando eu corria apressada só pra te ver no parque e fingia que estava lá por acaso, que era meu caminho. Eu ajeitava o meu caminho para encostar no seu, e eu tenho coragem pra escrever sobre isso, que eu entendo que você faz tudo isso por mim e que você precisa passar por algumas coisas que eu levei muito tempo para entender, e por hoje, eu não vou bater em tua porta e dizer que sinto muito e que você não faz ideia do quão adorável é, ou que te amo e que isso tem me confundido cada vez que eu te vejo em sonhos, ou te vejo, ou te perco, e te encontro, hoje, eu não diria nada, hoje eu só levo a saudade, morena, é tudo que vale a pena. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

No Portão


Quantas memórias cabem numa única rua, à porta de casa?
Quanto amor cabe num único portão cheio de beijos roubados,
Beijos dados, beijos selados, cheio de despedidas longas e breves,
Rencontros e términos? Quantos sorrisos cabem numa saída escondida,
Numa chegada de madrugada, na espera de uma visita, no choro doído de um adeus,
Da ida de quem nunca mais vai voltar? Quanto amor cabe em um portão?
Como posso eu, guardar tudo isso num simples abrir e fechar?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Pedra



Sou uma pedra e você me despreza, pois, não saio do lugar,
Mas, ficarei aqui observando por mais tempo que ficarás neste lugar
Sou sólida , forte por natureza, nem mesmo a correnteza pode me levar,
Mas, absorvo o impacto, tenho as marcas de tudo que me tocou,
Mas, ainda assim, não saiu do lugar;

Estou no seu caminho e você não pode passar,
Se tentas me chutar, dor irei te causar,
Podes me ignorar, mas, sou forte o suficiente para uma fortaleza virar,
Há quem me faça em pó, construa castelos, extraia conforto de mim,
Até mesmo quem arte faça de uma simples pedra assim,

O alquimista me procurará na esperança de ouro forjar,
Sou testemunha ocular, uma arma letal, peso de papel,
Não sirvo para o carnaval,
Vou ferir sua face se em você alguém me atirar,
Ou seu pé, se voltares a me chutar,

Mas, se acaso tropeçares, favor não ignorar,
A pedra polida, lascada e marcada, 
Bem mais que a tua efémera sabedoria, vida e mobilidade,
Ainda vai estar lá,

E um dia, quiçá em uma lápide ainda ei de me transformar,
E ei de te enterrar , e no fim, quem aqui ainda vai estar?
Pois bem, sou uma pedra, não ouse me desprezar.


domingo, 6 de janeiro de 2013

Love In Rouge (passagem de alguma página do livro)

Não precisamos de mocinhos, bandidos nem violões, porque sou eu quem te faz bem e mal; é você que me faz morrer e renascer todas as noites, por isso não precisamos de mais ninguém. Somos nós nossa própria guerra interna diária, a parte do resto do mundo... Você é minha guerra perdida e minha vitória sofrida todo dia, não preciso de inimigos, eu tenho você, meu amor... Nada no mundo pode me deixar mais feliz e arrasada do que você. Não há nada no mundo que te ponha tão alto ou que te atinja tão forte quanto eu, nos completamos nessa dualidade.
O nosso desafio é viver juntas. Nossa liberdade é o que nos prende, nos sufoca, e ao mesmo tempo nos faz sentir cada vez mais vivas... No fim das contas, acredito que nosso amor é isso: um desafio.

— Joanita Escudeiro (por Izis Vieira)

sábado, 5 de janeiro de 2013

Guerreiro Solitário



Hoje, posso afirmar que tenho mais do que preciso e vivo flertando com a plenitude, mais do que com a inquietude, mas, não fora um caminho fácil, tive que perder tudo para me encontrar.
Tudo. Como um filhote desgarrado, um filho abortado que luta com as forças que não tem para chorar e continuar respirando, até que alguém o escute e o leve para um lugar seguro. Meu lugar seguro foi meu inferno pessoal, na solidão, entre todos que me amavam; pois, oras, chega um momento que não se deve confiar em ninguém, vive-se uma guerra dentro de sua mente, até que, por fim, você entende que é preciso saber jogar.
Então, tudo se acalma, você finalmente entende que o teu lugar é onde você queira estar e começa o caminho para chegar lá, e depois de ser um sofrido pelegrino que caminhou do inferno ao céu , você entende que o importante é não perder a fé, não em Deus, ou em alguém que deve se espelhar, mas em você mesmo, que você tem que ser forte, não se abandonar em meio a batalha, quando todos o fizerem ou você vai estar ferido o suficiente para não enxergar os poucos que seguram a tua mão.
Sozinho. É assim que se começa o caminho para encontrar seus companheiros da vida, de alma. Hoje, vejo que não existe melhor maneira de começar; a vida é uma jornada grande, não é? Então, vamos caminhar.
No fim das contas, de sua guerra, de seu caminho, você entende que a vida é um pouco disso mesmo, é um pouco do que a gente quer que ela seja.

Essas mulheres...


Acho que o mais incrível de ser uma mulher e gostar de outras mulheres,
 É que quando você encontra uma muito interessante,
 Acaba não sabendo exatamente, o quanto você a deseja
E o quanto você deseja ser ela.