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domingo, 16 de junho de 2019

Sinto falta de tudo que já vivi. Sinto falta até do que já sofri, porque são as cicatrizes que mostram que você viveu algo profundo, e que de alguma forma - boa ou ruim - te marcaram. Sinto falta de tudo aquilo que já fui, do que deixei pra trás e do que me acompanha. Sinto falta das pessoas que amei, das palavras que guardei e nunca falei, que por covardia ou falta de oportunidade, ainda estão em mim, ou mesmo que se foram, cansadas de esperar, com o tempo. Sinto falta das rizadas matutinas e das noites doces, sinto falta de discussões pela tarde e das pazes da madrugada. Sinto falta de comprar o pão na esquina ou dos cinco minutos a mais que dormia. Sinto falta de miados e lambeijos, sinto falta de brinquedos pela casa e do sorriso largo, aquele que só crianças possuem, pois para eles tudo é engraçado e real em suas fantasias. Sinto falta de buscar água na cozinha, de fechar o portão, de nunca concordar e dizer 'eu te amo' em línguas estranhas que me deixam com sotaque engraçado. Sinto falta da tontura e da música alta, das mesas de sinuca, das partidas intermináveis e de tudo aquilo que não posso contar. Sinto falta dos personagens da minha história, que vivem as suas enquanto eu estou em outro lugar, buscando outros enredos e elencos do teatro que só represento enquanto vivo e mal sei o final e nem sei se tem um final realmente, eu só sinto falta de tudo. Do que vivi e do que nunca viverei.
Prefiro matar um amor prematuro do que vê-lo caducar na esperança de um 'vir-a-ser' que nunca chega, ou que chega tarde demais. Prefiro a incerteza de uma ressurreição inesperada do que a espera flagelada daquilo que se idealiza tanto e que ao final, nunca é o que esperamos que seja. Prefiro eu aqui e agora matando nosso jovem amor e viver em paz, e que se um dia nesses encontros casuais, a vida te encontrar, ele possa ser um amor maduro que não esperei, que não precisarei procurar, mas me encontre e que quando puder durar, que venha pra ficar.
O tempo me diz que tenho pouco tempo.

FLERTE

Seus olhos certos. Sim, certos, em meio a multidão foi tudo o que eu pude ver, mesmo distante, cada luz bailava quando tocava seu rosto: azul, vermelho, roxo, verde, seus olhos que nem se quer me viam. Todos tão empolgados em baixo dançando, pulando, gritando as letras tortas das canções, em baixo também estava eu, sentada olhando pra ela, atenta a cada movimento, e ela, quase não se movia, estava tão animada quanto eu, suas amigas se divertiam, ela olhava para o nada... Até nossos olhos se cruzarem, até que por alguns segundos fui tudo o que ela viu, em um mundo completo em movimento, ela foi meu único foco, estávamos absortas e ao mesmo tempo, concentradas, e fui a primeira  a ser vencida, baixei a cabeça e ela não estava mais lá, mas estava o rastro do seu olhar e tudo que ele me provocou. Se foi querendo ficar e eu, totalmente seduzida por aquilo que nem sabia que existia e provavelmente nunca iria ter, mas é aquela coisa.
Sempre há um talvez.

Mais uma de 2014

Eu espero que você saiba que não vai ser meu o mérito de fazer você me esquecer, faça isso por sua conta e risco e lide com as consequências, porque se depender de mim, NÃO VAI SER ASSIM! Porque eu vou dar o meu melhor, eu não vou fazer nada pra te machucar, porque eu sei como dói e o quanto nosso amor é importante pra mim, então, quando ele acabar, que seja uma escolha totalmente sua, e mesmo que isso possa parecer um pouco humilhante para os outros, eu quero ser lembrada como aquela que tentou até o último segundo, tentou de corpo e alma e não conseguiu. Seja você o desistente. Porque, se depender de mim, nunca acabaria, mas pra você acabou, não é?
VOCÊ
é a melhor
CONSTÂNCIA
de toda a minha
INCONSTÂNCIA.
Não gosto dos olhos desta cidade. Dos olhos que me cobiçam com desejo voraz, não gosto da forma como me perseguem, me seguem, me encontram e me caçam. São tantos pares de olhos insensíveis que provavelmente vão cruzar com os meus um par de vezes na vida, são três ou dez, ou dezenas. Eles formam contraste, estes olhares sem sentido, porque nenhum deles são os teus. Azuis, verdes, castanhos que se confundem com o negro, nenhum deles tem a vida que eu vi nos teus olhos.
Eles se insinuam, encaram, disfarçam, tem no flerte a covardia que nunca vai alcançar a coragem dos teus.
Coragem de ver além do aparente, coragem de devorar-me em corpo e alma.
São teus olhos que os meus encontram sem buscar em cada madrugada nua, em cada ínfimo momento que não sei descrever, mas, encontro facilmente em seu olhar. São esses olhos que eu quero ver e me perder até te encontrar.

Para alguém que não lembro o nome

Para alguém que amei em 2014, mas que hoje não lembro o nome:
Não quero ter contigo um relacionamento cheio de frases de efeito para serem lembradas, não, não quero que você lembre da gente, de mim pelas coisas que eu não disse, mas pelo que eu fiz, eu quero ser uma doce lembrança que te traga paz, e não um par de palavras que vai ir e voltar em sua mente te provocando "ses" não quero ser seu "se" quero ser sua certeza, a certeza que demos muito certo, que te amei e que fui amada.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

QUANDO É AMOR




Eu sei que é amor quando eu aceito a pessoa, com suas limitações e suas dádivas únicas que sustentam seu ser.
Eu sei que é amor quando eu não tento mudar o outro a meu bel-prazer, transformando-o em uma extensão dos meus sonhos, suas idealizações que fiquem longe de mim também, que a Deusa me livre!
Eu bem sei que é amor quando eu nem preciso falar e ele já me entende. Mas se eu precisar explicar, tá tudo bem também.
Eu sei que é amor, porque quando é amor, ah, quando é amor, meu bem, a gente sabe, a gente sabe sim.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

O tempo tem o tempo do
T      E      M       P      O