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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A Flor Corrompida



Quem maculou a inocência?
Quem? Quem foi capaz de ver tão bela rosa,
cálida, alva e serena, e por mero capricho,
Decidiu tingi-la de vermelho?
Não o vermelho da paixão, mas o primeiro vermelho,
O que é conhecido há tantas gerações, o do sangue,
que corrompe, o vermelho que separa o sono da criança,
e o pesadelo do soldado em guerra, quem foi capaz?
Me diz! Levanta a mão e diz 'fui eu!', tens coragem!
Como teve no dia que com um belo sorriso me apunhalou,
Pelas costas, cravastes fundo tua adaga enquanto me abraçava,
E saiu como quem nada fez, e agora voltas e pede perdão,
Se bens pode ver, aquela rosa branca morreu, e o que ficou
Ah, mas o que ficou... Não é mais teu.


— Izis Vieira

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Feliz porra, vou ficar até meia noite rodeada de amor



Pode parecer bobagem pra você, mas eu acredito no espírito do natal, no quanto é importante esse raro momento de comemorar com os seus, celebrar com sua família o amor, passar o dia todo cozinhando e arrumando a casa para receber a família, todo esse cuidado, estarmos todos prontos para rir e brincar à meia noite, dar alguns presentes também, mas, mais do que isso, eu acredito no cara que morreu na cruz a tanto tempo atrás, mesmo não concordando com as religiões, ele foi incrivelmente importante, porque ele veio pra cá e disse 'o amor é importante cara, vá amar seu irmão', e o que é o natal se não uma celebração de amor? Foda-se o capitalismo e o papai noel da Coca-Cola, eu me sinto muito feliz e privilegiada de estar com as pessoas que mais amo no mundo e que mais me amam e abraçá-los meia noite, pouco importa se daqui a dois dias estaremos brigando, a gente se ama, tem um laço mais forte e incompreensível do que tudo que nos une e ele é o amor. E sinceramente, que esse sentimento perpasse por mim, por minha família e por todo mundo todos os dias, todos os anos, enquanto a eternidade se perpetuar, e que todos, absolutamente todos possam sentir isso também, que tenhamos abundancia e sabedoria para compartilhar e uma sociedade em que se dê gosto de viver e vencer. 
Viver um pouco daquilo que aquele cara esperto que morreu por nós dizia, que isso nos mova. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

O TOMBO QUE EMPURRA (conto de alguém que não tem muito a dizer, parte 2)



Bianca V, Julho de 2009

Essa história começa a alguns anos atrás, a algumas viagens atrás para ser mais específica, sempre gostei de expressar o que eu sentia, mas, para ser exata eu não me sentia exatamente bem, mas, um banho de chuva e uma viagem sempre salvam a vida da gente, nos renova, não é verdade?
Os fatos são aleatórios e os sentimentos também, nesse tempo, eu julgava ser meu amigo quem roubou um pouco do que eu achava que era meu. Engraçado isso, essa roda, as voltas que a vida dá, mas comecemos quando ela deu o primeiro giro nesse enredo atemporal de lembranças, fantasias, imagens e impressões.
Tudo começou com o tropeço que empurra, uma queda abrupta, um término agoniante, a vida é um pouco disso mesmo, é um pouco do que a gente quer que seja, e não quer de jeito nenhum;  estamos falando de um rompimento, sabe como é, sempre te um lado que se fode mais do que o outro, mas não quer dizer tchau, tolos são nossos corações até que aprendemos o valor da perda, ou da diversão ilimitada que podemos ter, tudo é questão de ótica.
Mas, vamos lá, a gente acabou, fins de relacionamentos, garotos choram como bebês e bebem o suficiente para ficar com a primeira idiota que aparecer e quiser dar pra ele, garotas procuram consolo em ombros amigos, que muitas vezes tem terceiras e quartas intensões, e esse foi  exatamente o caso; não demorou muito para ela me trocar por uma vadia, é o que geralmente acontece quando o amor acaba, e eu tive que com isso, enquanto elas fodiam. Ela deveria foder melhor que eu – como dizem, experiência é tudo, e, ela quantidade de pessoas que eu conheço que ela já fodeu, ela deve no mínimo fazer gostoso – não que eu faça mal, mas estou certamente em desvantagem, transei apenas com duas pessoas (uma de cada vez!) a vida inteira, não como uma prostituta profissional, ou alguém que já transou com a maioria dos meus amigos, mas, como uma mulher apaixonada que faz amor entregando o corpo e um pouquinho da alma.
De qualquer forma, a coisa toda incomodou durante um certo tempo, mas logo parou de fazer sentido, já estava maculado. A gente costuma atribuir ao primeiro amor uma pureza quase santa ao primeiro amor, porém não deveríamos fazê-lo, ele não é eterno (com raríssimas exceções, é claro), por mais que pareça, ele só te prepara para todos os outros que ainda estão por vir, e deixa boas cicatrizes no processo. 
Para falar a verdade, não ando com muito tempo para devagar, sobre o amor, a estrada está sendo devorada pelos pneus que cantam madrugada a fora, estou indo à Brasília com uma pequena câmera em minhas mãos e a pouca bagagem que minha mochila pode carregar, e tantos lugares (pessoas) para conhecer. Possibilidades. Adoro essa palavra.
Peguei a estrada e deixei uma vida inteira para trás (depois eu conto a história, ou não, sofrida e longa demais) e agora, quero me sentir viva na capital do meu país, e fazer lá algumas histórias que não serão contadas aos meus filhos, ou netos; quem sabe fazer amor com uns três desconhecidos, dizem que é om para treinar, não? Bianca quer viver, e é o que Bianca fará.
Céus, o dia já amanhece enquanto escrevo! Preciso dormir, aproveitar que (ainda) todos estão em silêncio, descansar é preciso, logo terei a sensação que mais adoro: ser uma desconhecida em um lugar totalmente novo.  Às vezes vale a pena pegar um ônibus, enfrentar horas e horas de viagem, deixar tudo para trás, valerá a pena? Não sei, mas tenho certeza que vou descobrir.




quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

INÍCIO (conto de alguém que não tem muito a dizer, parte 1)


Tenho algumas coisas para falar, não são as mais sábias ou mais inteligentes do mundo, mas são as coisas que eu quero expor aqui. A história de uma garota que não tinha muito com o que se preocupar, ou porque sonhar, mas, pegou sua câmera e saiu fotografando o mundo, a vida, suas impressões, e no fundo era exatamente isso que eu planejei para a minha vida: uma vida na estrada sem muitas preocupações, uma câmera e algumas histórias para contar, posso aumentar algumas coisas, mas no fundo, juro que é tudo verdade, e a minha verdade eu mostrarei através da lente da minha câmera  Você quer ver minha verdade? Ou acharia melhor lê-la? 

(Não é sobre mim, mas poderia ser, ou será que é?) 

sábado, 15 de dezembro de 2012

O meu canto é só tristeza



No passado, não tão distante eu era um ótimo cantor,
Não quero me vangloriar, estou falando a verdade,
Eu cantava alto, imponente, forte e sobre tudo com alegria,
De tão bem que eu cantei, me prenderam nesse lugar,
Ai de mim! Vida melancólica, canto agoniado!
Entristecido.

Nessas grades não tenho como me expressar,
Ando de um canto a outro, sem pressa, não há muito o que fazer,
Esperam que eu cante, quem um dia iria dizer,
Que minha maior virtude, viraria um dia minha sentença, 
Minha prisão.

Feliz deve ser o pardal, que vive pelo mundo, sem ninguém se importar,
Rouba alpiste, faz seu ninho nos telhados, de longe o vejo a me zombar,
Quem mandou saber cantar?
Dizia ele zombando, mas, sei que ele fazia isso para não mostrar,
Era pena que ele tinha de mim, mas sou orgulhoso demais para aceitar.

Essa sela é triste, mal posso ver o sol, quase não sopra vento,
Não há felicidade nesta prisão, mas ainda cantava feliz ao lembrar,
De minhas plateias, do mundo mundo que era tão meu, do eco da minha voz,
da água fresca na foz, do riso da criança ao admirar, do arco-íris no leste à se formar.

Um dia meu carrasco, um homem sem coração, furou-me os olhos, 
Veja quanta ingratidão!
Desde então não vejo a luz, não vejo o sol, sou prisioneiro da escuridão,
Ele diz que meu canto agora é mais sereno, é mais bonito,
Mas, que raio de beleza existe no sofrimento então?

Esqueci de onde vi, mas ainda posso imaginar,
No breu em que me puseram me ponho a sonhar,
Com as flores e as luzes do dia que me inspiravam a cantar,
Hoje, apenas uma lembrança no meu velho assoviar,

Meu nome é Assum Preto, e minha sina é "melodir",  
Meu canto é a tristeza e a alegria do perverso que se pois a sorrir,
Oh, entenda minha tristeza, o porque não sei sorrir,
Mas outra vida virá onde ninguém vai me prender,

E nesse dia apenas a liberdade eu ei de cantar. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Vontade


Eu quero marcar teu corpo com minha boca,
Enquanto te beijo quente, sentindo o aroma de tua pele,
Te mordendo lento, rasgando-te a pele com delicadeza;
Fazendo-te minha, cada poro,
Cada centímetro de tua pele é minha;
Me pertence e a ela sou fiel;
Até que o amor acabe, mas, até onde eu sei;
Ele não morre no final.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Noite - parte II




Quase levantei de susto quando abri os olhos e a vi debruçada em minha barriga, uma mão apoiada na minha coxa, a outra enrolava uma nota de algum valor que eu não conseguia enxergar e se abaixava para cheirar o pó que havia derrubado em mim, mas antes, levantou minha blusa até a altura dos seios e ajeitou cuidadosamente uma carreirinha que ia da altura de meu sutiã até a barra do meu short.
Em pouco tempo começou a cheirar tudo que podia e quando não aguentou mais começou a lamber o pó, eu estava quieta observando ela entrar em frenesi e procurar meu corpo com a urgência de quem tem fome, ela me puxou para baixo e me tomou pelo braço, entramos no carro, fomos para o banco de trás e mal sentei quando ela começou a me beijar ainda com a boca suja de pó, logo senti o gosto amargo da cocaína e a dormência em minha língua que não parava de mover-se, bailando junto da dela que aos poucos tirava minha roupa,  logo ela pula para o lado e joga o pouco de pó que sobrou entre seus seios e me entrega a nota dizendo:
– Guardei um pouco para você, fica chapada comigo!
Sem relutância obedeci e logo senti toda aquela euforia e formigamento tomar conta de meu corpo, e sem demora também procurei o dela, aquilo passaria mais rápido do que eu poderia aproveitar, sabíamos disso. Explorei cada centímetro de seu corpo arrepiado como se fosse meu ultimo segundo na terra, aquela sensação de tato que compartilhávamos era inebriante, muito além de qualquer outro, sentia sua pele literalmente como se fosse a minha, com as duas mãos ela me afundou entre suas pernas, exigia prazer, nossos corações pulsavam em uma violência e velocidade absolutamente intensa enquanto eu me livrava de sua calcinha e sentia seu gosto com a ponta de minha língua até que toda minha boca é envolvida por todo aquele gosto e aroma doce, delicado, num ritmo lento o suficiente para sentir cada suspiro seu, rápido o bastante para fazê-la gritar de desejo enquanto afundo minhas unhas em suas coxas, e ela afunda minha cabeça entre suas coxas, em pouco tempo meus dedos e minha boca tomavam conta de sua região íntima e satisfiz, seu corpo latejava por inteiro, assim como o meu, descansei sobre seu corpo, o carro era apertado, mas cabia nossos corpos encaixados, sentíamos o frio da madrugada entrar pelas janelas.
O céu estava roxo e todas aquelas estrelas pareciam nos engolir enquanto nossas respirações começavam a se acalmar, eu a mantinha entre meus braços enquanto ela tentava ascender um baseado amaçado que encontrara no chão. Um gole de vodka, uma tragada, o calor de seu corpo e o frio gélido do vento, vento esse que canta, quase geme em reclamação, estrelas cintilantes, calidoscópios nas pupilas, nada poderia atrapalhar aquele momento perfeito. Adormeci.


O vento batendo na cara, com violência, bato a cabeça na lateral do carro, acordo no banco do carona ouvindo ela gritar:
– Coloca o sinto e se segura! – diz ela acelerando cada vez mais, só ali me dou conta que o carro está em movimento e a mais de 100 por hora.
– O que porra é isso? – pergunto eu colocando o cinto com certa dificuldade, o carro não parava de balançar, estrada de barro cheia de curvas – como chegamos aqui?
– É uma longa história, mas por, hora vou tentar nos manter vivas, não faça perguntas!
Apertei o sinto, e em seguida, sua mão com força e disse entre um sorriso:
– Tudo bem, vamos para a estrada!
Estávamos sendo perseguidas por um carro que quase nos alcançava, não fosse a ousadia da minha pilota, sentia medo e mais medo em cada curva, mas eu não me importava.
Vida rápido, esse é o recado, não?

CONTINUA.

~ We were two kids, just tryin' to get out, live on the dark side of the american dream.  Withou You, Lana Del Rey

Link da parte um: http://i-in-rouge.blogspot.com.br/2012/10/noite-parte-i.html