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domingo, 18 de janeiro de 2015

E é pelas noites, andando pelos becos que posso sentir o aroma dos ralos e das bocas de lobos, onde eu vejo as bocas dos homens se tocando com a urgência que não ousariam fazer pelo dia, porque pelas noites eles juram seu amor que não tem por suas mulheres,  aquelas mesmas mulheres que se desejam pela tarde quando seus maridos não estão em casa, quando levam seus filhos para a escola.
Seus filhos matam aula para ir aos lugares mais insólitos que seus pais jamais ousariam por os pés, ao menos nessa idade.
São jovens com fardamento escolar em cabarés aprendendo a luxúria e as coisas da vida um pouco cedo demais, tão cedo que as vezes ensinam e  voltam pra casa com seus cabelos cheirando a cigarros baratos, as vestes manchadas de vinho, são os jovens que se entorpecem nas portas dos banheiros, e que voltam cedo demais para sua casa, para cumprir o figurino, fingindo ser alguém perfeito que está longe de ser.
E na igreja pedem perdão pelos pecados que não estão arrependidos de terem cometido, fariam de novo, e nada acontece porque dentro da segunda vida não há nada mais sincero que vestir a sua máscara, a fachada é o novo negro.

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