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terça-feira, 15 de outubro de 2013

About a boy



Eu esqueci que em Setembro chove, e que as vezes eu pego um resfriado nessa mudança de tempo,
Esqueci também qual o tamanho certo das roupas que você veste, porque seus ombros são largos e eu sempre fico na dúvida;
Eu esqueci também que eu morro de medo e vergonha de mostrar o que eu realmente sinto, embora eu faça isso todo o tempo, até por pensamento;
Eu quase esqueci da sua barba falhada e das músicas que você murmura enquanto come uma maçã;
Quase esqueci também dos seus passos descontraídos, mesmo quando está chovendo, e do quanto você gosta de caminhar sob a chuva, e de como eu te esperava em casa com uma toalha na mão e te enxugava paciente e contente, sem qualquer medo de me molhar;
Por pouco não me lembrei do quanto eu era destemida andando do seu lado, de mãos dadas, meio dia, meia noite, eu me sentia segura com você;
Eu por um momento esqueci daquela vez que saímos até bem tarde pela primeira vez e fiquei preocupada sem saber se você chegaria bem, andando de moto, sendo sua casa longe, e que eu só sossegava até você dar notícias suas, quase me lembro que nessa época eu não tinha tanto medo das ruas como tenho hoje;
Eu fingo que me esqueço do seu hálito de laranja e de seus óculos embaçados pelo frio, ou do calor de seu corpo quando me abraçava, e como uma criança fazia trilha em meu corpo, me beijava inteira, me pegava no colo e voltava a me beijar, vou fingir que não sei que você gostava e queria tudo aquilo tanto quanto eu;
Eu esqueci de seus olhos morenos durante a noite, que na penumbra eu tantas vezes vi brilhar, ou de todas as horas que você poderia passar de baixo do chuveiro, feliz como um peixe e que queria que eu também estivesse lá;
Fingo também que não sinto falta da paz que me dava sossegar em teu peito depois de um dia difícil, ou ficar em silêncio por simplesmente estar, ou devagar sobre planos e fazer listas de tudo o que ainda íamos fazer, não importa o quanto o tempo passasse, era só o começo;
Vou fazer de conta também que não me sentia a mulher mais sortuda do mundo toda vez que você fazia algo bonito e sincero para demonstrar seu amor e afeto, quando vinha até minha casa só para deixar uma carta e ir embora, ou mandava um telegrama, ou aparecia com uma placa de "eu quero você", é direito meu fingir que nada disso está guardado na memória, como também em uma caixa muito bem cuidada;
Vou fingir que não percebo que de repente todas nossas músicas resolveram tocar ao mesmo tempo, e de uma forma tristemente doce me trazem você um pouco e cada dia mais, até o dia que voltar a te ver.
Vou fingir que meu coração já não espera feliz esse dia, e que ele dispara só em pensar na tua imagem, no som da sua voz, e no calor do seu abraço, mais fácil fingir que nada disso me afeta ternamente.
Vou fingir que, não, não vou fingir, é tudo verdade. Nem sei como será quando eu te ver. Mas eu estou feliz desde já por isso. E isso, eu não sei fingir.

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