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segunda-feira, 24 de março de 2014

Num desses encontros (in)casuais

 

 Eu quero contar uma história, mas essa eu realmente não sei como começa, qual foi o instante mágico do "érase una vez", mas, incontestavelmente ele existiu.
    Posso dizer que tudo começou num bar, numa quinta-feira, ou antes disso, quando a menina estrangeira, quase que recém chegada se arrumava para ir com os amigos a um bar, era tudo novo e divertido, as luzes, as cores, os sotaques, os cheiros, e antes mesmo que pudesse pensar em querer alguma coisa, lá estava ela pelas ruas rindo, olhava tudo com os olhos de criança, curiosos, atentos, ao longe ouviu a música latina tocando, finalmente chegou no bar, e quanta gente!
    Estava lotado de caras distintas, bonitas, na primeira sala - a sala em que ela ficou boa parte da noite -
e logo foi cumprimentando aquelas duas dúzias de desconhecidos que em pouco tempo se converteriam em seus amigos, dançava um pouco sem jeito algum, encontrou uma menina de seu país, uma amiga recente, e outros que nunca mais voltou a ver, haviam muitos países naquele lugar, uma energia bonita, e bebidas fortes também, ela, que tem uma natureza distraída e uma mente não muito boa para memórias recentes pegou seu telefone e decidiu tomar fotos, com seu telefone, e tirou uma foto do ambiente, queria recordar, haviam pessoas dançando, havia um garoto dançando - e como dançava bem! - mas, para sua tristeza ele estava acompanhado, e ela não conseguia tirar os olhos dele, e nesse momento ela decidiu, mesmo que inconscientemente que queria, nem que fosse só por um momento, estar com ele, dançar com ele, ter ele um pouco mais perto do que a pequena sala que os separava, mas ele estava dançando com uma garota! E ela dançava muito bem, o que mais a menina poderia fazer? Nada fez, achou melhor pedir uma bebida, forte e quente, para tomar coragem, a noite estava começando.
  E ela bebeu, ela dançou também, ela subiu no palco com alguns amigos e muitos desconhecidos, e estava se divertindo de verdade, era uma festa, mais uma das muitas festas que ela iria, mas não, não era só mais uma festa.
  O tempo foi passando e ela continuava dançando, rindo, e de repente ela sente uma mão em seu ombro e um sorriso que prendeu sua atenção de imediato, era o garoto que dançava tão bonito! Ele a puxou para dançar mesmo quando ela disse não, que não sabia dançar, e com paciência ele a ensinou, e ela que não dançava, dançou! E sorriu, e conversou, e todas as pessoas ao redor de repente já nem existiam e uma música tocou, se chamava "yo no sé mañana", e dançavam ao ritmo de seu coração, a canção ia dela para ele, dava para sentir, a letra tão cheia de incertezas e promessas não feitas, era tudo que eles podiam e queriam ouvir naquele momento, a canção estava acabando, então, ele a girou, a inclinou e ficaram a centímetros de um beijo, um beijo que não aconteceu e seu coração pulsou "quem é esse garoto?", ela já sabia seu nome, mas quem era ele? Ele não pôde ficar mais tempo que isso, tinha que ir, teve que ir embora cedo demais e ela só queria que ele ficasse mais tempo, "yo no sé mañana", poderia ser a ultima vez que o veria, e com certeza não o esqueceria.
   E eles que tinham tudo para não se encontrarem mais, se encontraram em meio a alguns desencontros, e nos encontros, se encantaram, e como, eu não sei, simplesmente não se largaram depois disso.
  E ela, até agora não sabe explicar o que viu nele, mas quer sempre estar perto para tentar não descobrir, e seu sorriso continua encantando a ela todo dia, e ela continua não sabendo como será amanhã, mas quer estar com ele em todos os "hoje" que tem pela frente. Entre eles há uma imensidão de coincidências que os dois não podem explicar, mas talvez esse encontro tinha que ser, talvez algo, ou alguém já tinha escrito as primeiras linhas dessa história, eu não sei, e adoro não descobrir. E a primeira foto que ela tirou naquela noite? Ele estava naquela foto, e ela só se deu conta disso meses depois, ela riu e mostrou a ele, porque eles, mesmo não sabendo como será amanhã, continuavam juntos. Y las cosas buenas, a veces, empiezan antes de nos darmos cuenta.

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