domingo, 16 de junho de 2019
Sinto falta de tudo que já vivi. Sinto falta até do que já sofri, porque são as cicatrizes que mostram que você viveu algo profundo, e que de alguma forma - boa ou ruim - te marcaram. Sinto falta de tudo aquilo que já fui, do que deixei pra trás e do que me acompanha. Sinto falta das pessoas que amei, das palavras que guardei e nunca falei, que por covardia ou falta de oportunidade, ainda estão em mim, ou mesmo que se foram, cansadas de esperar, com o tempo. Sinto falta das rizadas matutinas e das noites doces, sinto falta de discussões pela tarde e das pazes da madrugada. Sinto falta de comprar o pão na esquina ou dos cinco minutos a mais que dormia. Sinto falta de miados e lambeijos, sinto falta de brinquedos pela casa e do sorriso largo, aquele que só crianças possuem, pois para eles tudo é engraçado e real em suas fantasias. Sinto falta de buscar água na cozinha, de fechar o portão, de nunca concordar e dizer 'eu te amo' em línguas estranhas que me deixam com sotaque engraçado. Sinto falta da tontura e da música alta, das mesas de sinuca, das partidas intermináveis e de tudo aquilo que não posso contar. Sinto falta dos personagens da minha história, que vivem as suas enquanto eu estou em outro lugar, buscando outros enredos e elencos do teatro que só represento enquanto vivo e mal sei o final e nem sei se tem um final realmente, eu só sinto falta de tudo. Do que vivi e do que nunca viverei.
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