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domingo, 23 de dezembro de 2012

O TOMBO QUE EMPURRA (conto de alguém que não tem muito a dizer, parte 2)



Bianca V, Julho de 2009

Essa história começa a alguns anos atrás, a algumas viagens atrás para ser mais específica, sempre gostei de expressar o que eu sentia, mas, para ser exata eu não me sentia exatamente bem, mas, um banho de chuva e uma viagem sempre salvam a vida da gente, nos renova, não é verdade?
Os fatos são aleatórios e os sentimentos também, nesse tempo, eu julgava ser meu amigo quem roubou um pouco do que eu achava que era meu. Engraçado isso, essa roda, as voltas que a vida dá, mas comecemos quando ela deu o primeiro giro nesse enredo atemporal de lembranças, fantasias, imagens e impressões.
Tudo começou com o tropeço que empurra, uma queda abrupta, um término agoniante, a vida é um pouco disso mesmo, é um pouco do que a gente quer que seja, e não quer de jeito nenhum;  estamos falando de um rompimento, sabe como é, sempre te um lado que se fode mais do que o outro, mas não quer dizer tchau, tolos são nossos corações até que aprendemos o valor da perda, ou da diversão ilimitada que podemos ter, tudo é questão de ótica.
Mas, vamos lá, a gente acabou, fins de relacionamentos, garotos choram como bebês e bebem o suficiente para ficar com a primeira idiota que aparecer e quiser dar pra ele, garotas procuram consolo em ombros amigos, que muitas vezes tem terceiras e quartas intensões, e esse foi  exatamente o caso; não demorou muito para ela me trocar por uma vadia, é o que geralmente acontece quando o amor acaba, e eu tive que com isso, enquanto elas fodiam. Ela deveria foder melhor que eu – como dizem, experiência é tudo, e, ela quantidade de pessoas que eu conheço que ela já fodeu, ela deve no mínimo fazer gostoso – não que eu faça mal, mas estou certamente em desvantagem, transei apenas com duas pessoas (uma de cada vez!) a vida inteira, não como uma prostituta profissional, ou alguém que já transou com a maioria dos meus amigos, mas, como uma mulher apaixonada que faz amor entregando o corpo e um pouquinho da alma.
De qualquer forma, a coisa toda incomodou durante um certo tempo, mas logo parou de fazer sentido, já estava maculado. A gente costuma atribuir ao primeiro amor uma pureza quase santa ao primeiro amor, porém não deveríamos fazê-lo, ele não é eterno (com raríssimas exceções, é claro), por mais que pareça, ele só te prepara para todos os outros que ainda estão por vir, e deixa boas cicatrizes no processo. 
Para falar a verdade, não ando com muito tempo para devagar, sobre o amor, a estrada está sendo devorada pelos pneus que cantam madrugada a fora, estou indo à Brasília com uma pequena câmera em minhas mãos e a pouca bagagem que minha mochila pode carregar, e tantos lugares (pessoas) para conhecer. Possibilidades. Adoro essa palavra.
Peguei a estrada e deixei uma vida inteira para trás (depois eu conto a história, ou não, sofrida e longa demais) e agora, quero me sentir viva na capital do meu país, e fazer lá algumas histórias que não serão contadas aos meus filhos, ou netos; quem sabe fazer amor com uns três desconhecidos, dizem que é om para treinar, não? Bianca quer viver, e é o que Bianca fará.
Céus, o dia já amanhece enquanto escrevo! Preciso dormir, aproveitar que (ainda) todos estão em silêncio, descansar é preciso, logo terei a sensação que mais adoro: ser uma desconhecida em um lugar totalmente novo.  Às vezes vale a pena pegar um ônibus, enfrentar horas e horas de viagem, deixar tudo para trás, valerá a pena? Não sei, mas tenho certeza que vou descobrir.




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