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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Ela, o vento, a alma



A sensação é clara, como o ar do campo entrando no pulmão;
Ela respira em plena noite, como quem respira as seis da manha;
O ar é leve, mais leve que seu estado de espírito;
Ela sente frio por dentro, e não é aquele tipo de frio que se resolve tomando conhaque;
No fundo ela cansou de andar pelas ruas sem destino;
Ela só dirige seus pés seu rumo e já faz algum tempo, mas não a condene;
Ela vem tentando o máximo que pode, ela até quer ser uma boca garota;
Mas ela não sente, não sente mais nada, nem vontade de ir, nem vontade de ficar;
Oras, o que ela realmente quer? Qual o sentido dessa caminhada?
Ah, como era bom descobrir!
Mas ela realmente não sabe. Não, não sabe.
Mas sabe se comparar as pegadas deixadas na areia que o mar apaga;
As vezes gentilmente como um beijo, as vezes com a violência de um atropelamento;
Mas a areia continua ali, não muda, não acaba, ela já não sente mais nada;
Ela sente o salgado do mar e o frio do vento, como quem respira pela noite;
Como quem deixa o mar guiar a alma para algum lugar que essas palavras,
Para que essas palavras possam fazer algum sentido.

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