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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Minha alma sob a chuva




Hoje estava andando sob o céu nublado, cinza como a fácil previsão de uma tempestade, tinha esquecido o guarda-chuvas em casa, mas caminhei mesmo assim, do meu canto andava observando as pessoas, e logo as primeiras gotas de água começaram a cair do céu, então eu voltei minha vista ao chão, e do pouco que conseguia ver, enxerguei que todas as outras pessoas faziam o mesmo, então pensei, é assim mesmo que tem que ser?

Porque nós nunca olhamos o sol de frente, mesmo o achando lindo e amável, nunca o vemos diretamente por medo de sua luz, acontece exatamente o mesmo com a chuva, ela cai e nós olhamos para baixo, mas, porque? A água não queima, a água não dói, a água lava a alma, e ao me ver assim, como todos os outros tomei uma decisão: hoje eu vou levantar minha cabeça e olhar para frente, eu vou deixar a chuva molhar meu rosto, molhar minhas lágrimas, e assim, levar para fora quem eu sou, estou cansada de olhar para baixo, então, olhei, como se tudo ali dependesse disso, encarando tudo de frente, o brilho do sol ou a água da chuva, os dois seriam meus, seria eu olhando de frente até as pequenas gotinhas de água que insistiam em me molhar, que tão enfeitadas caiam sobre aquele asfalto feio e sujo, que caiam em meus olhos quando eu olhava pra cima e me faziam piscar, todo um espetáculo que eu não veria se estivesse ocupada demais tentando não me molhar de baixo de um guarda-chuvas, ou com a vista embaçada sob um óculos escuros de marca que me protegeria, mas que não me daria uma visão real.

Eu pensei nesse lindo dia de chuva como se ele fosse minha vida, e ali, ao menos ali, naquele pensamento eu iria encará-la de frente - como deveria ser - e ao perceber que eu deixava cada gota de água me tocar e eu não me sentia nem um pouco mal por isso; eu sorri, sorri e fiz uma oração ao mundo, que a água viesse gentil e me molhasse, levando embora todo medo, toda decepção, todo rancor e todo medo, tudo que era ruim e que não me pertence, eu esperei que naquele momento saísse de mim, para que mais tarde, ou quem sabe amanhã eu tenha coisas boas dentro de mim para secar e amadurecer, não somente minhas roupas molhadas em um varal, mas, sim, uma alma mais bonita, da qual eu possa me orgulhar em ter, e sorrir ao ver o sol, e ver ele sorrindo ao me ver contemplar, ao me ver compreender.

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