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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

The Lucky Ones this time.




        “Meu Deus! Já é dia primeiro!” – pensa a menina atordoada tendo que acordar mais cedo que gostaria, e mais tarde do que deveria, de um modo geral ela sempre está atrasada, são tantos compromissos, tantas exigências, tantos deveres para uma menina… É, apenas uma menina tão jovem e cheia de coisas a se viver; com uma grande bagagem de lembranças, e o tempo sempre voava em uma velocidade que ela mal era capaz de perceber.

Levanta-se ainda atordoada, acha uma chinela e põe no pé enquanto esfrega os olhos para melhorar o foco e achar o segundo par, depois de alguns segundos localiza e para. Para e respira. Respira e pensa. Pensa e fala abafadamente de forma que somente ela possa escutar:

            – Eu sinto a falta dela!

            Era uma reclamação diária e costumeira, em verdade, ela sentia falta “dela” todos os dias, porém dessa vez era diferente, já é dia primeiro, o início de outro mês, mês que deixa para trás os dias quase ininterruptos em que elas passaram juntas.

            Apesar dos eventuais problemas, elas passavam dias tão tranqüilos e gostosos, dias de partilhas, conhecimentos, reconhecimentos, sorrisos, abraços, corações palpitando. É aquele tipo de coisa que você espera que aconteça, mas, que de alguma forma sempre te surpreende o suficiente para você dizer a si mesma todos os dias “Deus, eu quero isso para mim, eu quero para sempre!”. O que ela sabe ser impossível, afinal, era apenas uma reles mortal. Um ser com início e fim, com desejos eternos e que queria amar para sempre, romântica demais para os dias atuais, sonhadora demais para o mundo em que vive.

            Mas, era dessa forma que ela sabia viver, não havia outro, e de alguma forma ela sabia que isso encantava a menina, e a forma que a menina sonha de pés no chão a encantava de uma forma que ela não poderia explicar, na verdade, havia muita coisa sobre as duas que dispensava qualquer tentativa de entendimento.

            Não havia explicação também para essa sensação de estar sonhando cada vez que a via, que sentia seu calor, precisando levar um beliscão para quase acreditar que estava realmente acontecendo, “ela está aqui comigo” ela dizia enquanto via a sua linda menina dormindo, não poderia haver melhor definição de perfeição, ela não sabia explicar, era como ter algo de extrema importância ali, ao seu lado e simplesmente não saber como cuidar, mas querer muito. Era como sentir mais vontade, em um momento, de fazer alguém feliz do que jamais havia sentido na vida, antes dela. ”Antes dela, como era isso mesmo? Eu não consigo lembrar!” talvez não quisesse, mas isso também não importava.

            Importava sim o magnetismo de seus corpos, como eles se procuravam, se encontravam e se encaixavam na penumbra, o gosto de sua boca, o quanto ela gostava quando a menina encaixava os dedos na sua nuca e puxava seu cabelo com força, a forma que ela a olhava, a forma como se sentia e fazia se sentir.

            Era tudo tão exato, tão real, e o tempo simplesmente insistia em passar, mesmo que elas o ignorassem enquanto caminhavam pelas ruas de mãos dadas sem dar importância para os olhares dos outros, “que olhares? Só consigo enxergar um par de lindos olhos em minha frente, eles que importam”, como era bom conversar, rir, até ficar calada ao lado dela, foram dias tão intensos, tão bons. Ela não achava que seria demais pedir mais dias como esses, ela acha que pode ter mais, e que nisso de ter mais, ela pode fazer a linda menina de seus sonhos, o amor de sua vida feliz, então, porque se contentar com pouco quando se pode querer ter uma vida?

            Planos para o futuro, planos para quando não se precise esperar semanas até vê-la e sim horas, horas até o fim do dia, para recebê-la com um lindo sorriso, olhos brilhantes e batimentos acelerados, para dar-lhe um beijo, olhar em seus olhos e pensar: “finally, you and me are the lucky ones this time.”

          Ela finalmente sai de sua cama para mais um dia longe de quem queria, outra cidade, outros horizontes, mas ela sabe o que quer, ela sabe o porque quer, haviam coisas a concertar e coisas a solidificar, havia tanta coisa, é um caminho longo, este que nos leva próximos o suficiente da felicidade, era um caminho de profunda e constante luta e sonhos… Os sonhos são tão indispensáveis a essa altura da vida, ao menos ela acredita que sim. É imperativo sonhar e lutar pelos seus olhos, com suas próprias mãos, e ela fará isso em cada dia de sua vida até que possa finalmente olhar para o lado e sorrir de alma e coração, ela sabe o que é sentir isso.

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